A Faca Aitor Commando[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]O ano de 1985 nos tirou um dos maiores designers de cutelaria conhecidos. Pedro Maria Izaguirre, proprietário da fábrica AITOR e o homem que colocou esta empresa no maior patamar que uma empresa do ramo poderia chegar, a fabricante das mais desejadas peças de cutelaria industrial do mundo.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Gravura artística do Sr. Pedro M. Izaguirre AchaFico imaginando, nesses 26 anos que separam da data da sua prematura morte, por meio de um desastre automobilístico, até os dias atuais, quantos projetos mais não teria criado este gênio da cutelaria. O homem que deu ao mundo projetos como a série de facas Jungle King I, II e III, Bucanero, Cuchilo de monte, cuchilo de montanero, Oso Blanco, Oso Nero, El Montero e, enfim, uma imensa lista de nomes de facas célebres, além do seu último projeto e tema deste post, a faca Commando.
Embora tenha sido criada no referido ano, a faca Comando só foi apresentada ao público no ano seguinte, na FIDEC, feira de material desportivo e de camping (Revista Magnum Ano II- N° 13), sendo que nessa época não possuía sequer nome, vindo este a surgir em decorrência dos próprios visitantes da feira que assim a denominaram.
Diferentemente de toda a linha da AITOR, a COMMANDO não tinha a logomarca da empresa estampada na lateral principal da lâmina, mas sim a logomarca da MAUSER, inclusive tendo a discriminação da palavra design logo abaixo desta logomarca, indicando que o projeto seria uma obra dos projetistas desta empresa alemã e não do Sr. Izaguirre. A explicação é lógica. Para que esta faca fosse adotada pelas forças armadas germânicas, as duas empresas fizeram uma parceria na qual a AITOR entraria com a produção e a MAUSER, através da empresa UMAREX, que distribuía os seus produtos, cuidaria do marketing e da distribuição dentro do território alemão, bem como, da adoção pelo seu exército. Os caros leitores podem estar pensando – Mas porque a própria AITOR não se incumbiu desta tarefa? – Simples. Em se tratando de arsenal militar, todos os países do mundo preferem sempre comprar produtos de empresas nacionais, pois, fica muito mais fácil a reposição em época de guerra e, sendo assim, a MAUSER seria a garantia que este teria da continuidade de fabricação mesmo em períodos difíceis.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Detalhe da lâmina onde é visto a logomarca da Mauser. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]O lado oposto da mesma mostra a logo da Aitor de forma bastante tímida.E onde entra a UMAREX? Da mesma forma simples. A UMAREX já havia anteriormente feito um contrato de fornecimento, para as forças armadas germânicas, de um canivete tipo suíço (alias, suíço legítimo), com tamanho um pouco fora do convencional, da empresa VICTORINOX, mesmo tendo muitos concorrentes desta empresa suíça dentro do próprio solo alemão. Então porque não tentar a mesma estratégia?
É, mas infelizmente o tiro saiu pela culatra e o acordo não foi fechado tanto entre a UMAREX/MAUSER/AITOR, quanto com o exército alemão que preferiu adotar uma outra faca da mesma AITOR (mesmo sem as tais estratégias de venda), a Osso Nero, muito mais barata, leve e portátil. Coisas do destino.
Vamos então ao que interessa.
A COMMANDO.Uma primeira análise do produto não mostra todo o potencial que esta nos dispõe, mas basta tirá-la de sua bainha e logo notamos algumas características que fazem desta faca uma das mais desejadas peças de cutelaria do mundo.
Como diria “Jack o estripador” vamos por partes.
Cabo.Diferentemente das demais facas de sobrevivência que são tubulares apenas, o cabo da COMMANDO é extremamente anatômico e, apesar de uma pintura epox curada ao forno, que normalmente o deixaria liso caso a mão do usuário estivesse molhada, a perfeita união do encaixe para os dedos e do zigrin finamente acabado a faz manter-se firme na mão do utente, mesmo se esta estiver molhada com sabão. Este cabo é feito de peralumal, uma exclusiva liga de alumínio e magnésio desenvolvida pela própria AITOR e que já havia sido testada com muito sucesso nas facas Jungle King II.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Detalhe do cabo da commando. Notem o zigrin extremamente bem acabadoOutro fato digno de nota neste cabo é a tampa, feita em aço 304, não magnético e, além da tradicional bússola embutida em seu interior, ele não fica protuberante ao cabo, sendo parcialmente embutida, o que de forma alguma dificulta a sua retirada.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Visão da tampa retirada mostrando a bússola em seu interior. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A tampa rosqueada ao cabo mostrando toda a sua discrição.Como é oco, encontraremos em seu interior a tradicional cápsula com itens de sobrevivência que, neste caso, é um kit diferenciado das demais facas AITOR pois tem um formato de tronco cônico com apenas um compartimento e tampa e que consta de um pequeno kit de pesca com três anzóis com alguns metros de linha e três chumbadas, um kit de costura com alguns metros de linha preta com uma agulha mantidos dentro de uma pequena cápsula hermética que, segundo alguns escritores, serve também como uma prática bóia para a pesca, dois band ayd’s, um pequeno lápiz para anotações, um alfinete de fraudas (com certeza para fechar algum rasgo em roupa ou para reparar algum fechecler emperrado), uma barra de pederneira para a obtenção de fogo, uma pequena pinça, e uma lâmina de bisturi.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui temos a visão da prática cápsula que contem os itens de sobrevivência.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Nesta foto vemos as possibilidades da faca, tanto das partes do kit quanto do resto do conjunto, com exceção aos sinalizadores.A lâmina.Feita na tradicional composição de aços AITOR, inoxidável ao cromo, molibdênio e vanádio, com medidas de 180x50x40mm, tem formato muito parecido ao da lâmina da faca Bucanero da mesma AITOR, com a diferença dos dentes de serra, que na COMMANDO são voltados para trás, enquanto na primeira eram voltados para frente como na JK I. Além disso, as curvas do fio das facas Commando e Bucanero tem algumas diferenças e, também, em tamanho.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Nesta foto, vemos a faca Bucanero, cujo cabo é em aço inoxidável e tem os dentes de serra voltados para a frente[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui podemos ver a Commando, cujo cabo é em peralumal e tem os dentes de serra voltados para traz.Bainha.Externamente sem muitos atrativos, com a tradicional pedra de afiar escondida por detrás de três metros de um bom cordel de nylon, mas é nela que se encontra um dos principais atrativos desta faca. Mesmo em uma análise superficial é possível perceber a presença de uma pequena haste de aço inoxidável a qual possui uma argola, destas comuns que se usam em chaveiros, um pouco menor apenas, esta argola é o puxador de um disparador de sinalizadores que podem atingir a alturas superiores a 100 mts. Ainda nesta bainha, paralelo ao espaço onde se embainha a faca, há um outro compartimento onde se abrigam 8 rojões de sinalização, sendo três verdes, três vermelhos, um branco e um amarelo. Até hoje nunca consegui descobrir se a coloração externa destes sinalizadores tem alguma referência com a cor do facho luminoso do seu conteúdo e se isso possui alguma relação com a mensagem que se pretende transmitir com o seu disparo.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Nesta foto temos uma visão frontal da bainha com a faca acoplada a ela.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui podemos ver uma pequena parte da pedra de afiar escondida sob a corda para não roçar nas vestimentas do usuário.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]seqüência podemos ver o prendedor rápido de perna para permitir ao usuário manter o conjunto firmemente acoplado ao corpo.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Nestas duas fotos podemos notar os sinalizadores inseridos em seu compartimento dentro da bainha e alguns deles retirados de seus locais de armazenamento. Pode-se notar a espoleta ao final da rosca de acoplagem. Ainda não consegui descobrir qual é o material pirotécnico usado, mas provavelmente magnésio, alumínio, óxido de ferro, cada um para uma coloração diferente do sinal luminoso.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Nesta outra seqüência vemos: primeiro, o disparador na sua posição armada, depois, o pórtico de acoplagem do cartucho de sinalização e, por último, o projétil acoplado ao pórtico e o disparador armado, estando o conjunto pronto para ser disparado.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Nesta foto retirada da caixa do produto, podemos ver o facho luminoso do sinalizador, apenas que nesse caso, o disparador era destacável da bainha, o que compunha as facas Commando de primeira geração.Modelos.Primeira e segunda geração: Como já mencionado, o primeiro e o segundo lotes de facas COMMANDO foram fabricados com o logo da MAUSER, sendo que a única diferença entre o primeiro e o segundo é o fato do disparador de sinais luminosos ser desacoplado da bainha (no primeiro modelo), sendo este modelo, extremamente raro de ser encontrado. Quanto ao segundo modelo, foram fabricado alguns milhares de facas muito bem distribuídos pela Europa, e demais continentes sendo que estima-se (pois a empresa não fornece os números reais) que foram fabricados pouco mais de 100.000 unidades.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima, faca Commando de segunda geração.Terceira geração: Como toda a estratégia de adoção pelas forças armadas germânicas falhou, a AITOR decidiu então deixar de fabricar a faca com a logo da MAUSER e passou a comercializá-la com seu próprio logo e com o nome que recebera do público. Surgia assim a terceira série de facas COMMANDO.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Algumas peculiaridades: Notem que a faca contém o nome Aitor logo após a marcação do teste de dureza na lâmina e depois o nome Commando, logo após este já ter se firmado. A caixa de embalagem do produto era de excelente qualidade, com uma peça de isopor adensado moldado por injeção com os espaços pré definidos para a faca e bainha que eram plastificados e depois envolvidos pela capa de papel cartão impresso com fotos do produto e suas possibilidades, além do manual de utilização. Notem que onde mostra o sistema de disparo sendo usado, o modelo está segurando a bainha e não mais o disparador destacado da mesma. Sem dúvida uma garantia de segurança pois estes sinalizadores causam recuo quando disparados.Variante da terceira geração: Existe ainda um outro modelo de faca Commando, contemporânea às facas de terceira geração, vendida com a bainha idêntica à da faca Bucanero, mais leve e sem o espaço para sinalizadores, porém, possuindo uma espécie de “asa” que serve para a acoplagem de um kit para alimentação constando de uma faca com abridor de latas, um garfo e uma colher com cabos curtos e vazados, além do cordel de nylon.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Commando de terceira geração mas com a bainha idêntica à da faca Bucanero. Perde a capacidade de abrigar sinalizadores, mas ganha a capacidade de acoplagem do conjunto “Cubierto Bucanero”.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Cubierto BucaneroQuarta geração: Em meados de 1996, em virtude de uma série de empecilhos criados pela alfândega e pelos aeroportos do mundo todo, para transportarem os lotes de facas que a AITOR vendia para fora da Espanha e, já preocupada com os custos de fabricação, haja vista que a empresa já vinha enfrentando dificuldades financeiras e a faca custava cerca de US$100,00 na Espanha, a AITOR decidiu então passar a comercializar a faca sem o seu kit de sinalização e, paralelo a isso, passou a confeccionar todas as facas do seu catálogo que possuíam serra com um novo modelo de serra, a que os espanhóis estão acostumados a chamar de “serra de almena”, ou seja, uma serra que tem a base arredondada e é conseguida apenas por um disco de desbaste sendo inserido em um determinado ângulo na lâmina de forma que apenas chegue a fazer uma leve entrada do lado oposto e, após isso, uma entrada idêntica é feita do lado oposto à primeira e, sucessivamente até o final da serra. Esta serra é extremamente macia para se serrar o que quiser, inclusive partes de metal de fuselagens de aeronaves ou embarcações, mas para serrar madeira deixa muito a desejar, pois ela penetra somente até o final da serra e, após isso, trava pois a serra é da mesma grossura do resto da lâmina. Caso a AITOR passasse a adotar novamente o sistema de desbaste da lateral da lâmina como nas anteriores, nem precisaria trocar de modelo de serra, pois esta seria muitíssimo mais eficiente que a anterior que tinha o problema de empregnar o fundo dos dentes com o material serrado, principalmente se este fosse madeira verde, inutilizando a serra que teria que ser limpa com um graveto para dar continuidade ao processo.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Detalhe comparativo das serras de primeira à terceira gerações na frente e as de quarta geração até os dias atuais, logo em seguida.Também paralelo à diminuição no processo de fabricação e, não sei se pelo aumento da velocidade de produção ou pela contratação de mão de obra mais barata, a lâmina foi perdendo características do seu formato que, até a terceira geração tinha a parte do fio cortante inicialmente cõncavo até aproximadamente a metade do comprimento da lâmina quando, então, sofria uma curva côncava mais acentuada para fora do alinhamento, seguida por outra curva convexa que culminava na sua ponta, cerca de ¾ acima da linha do eixo da lâmina e que era arrematada por outra curta curva convexa até as costas da lâmina. As lâminas de quarta geração perderam essa característica tão marcante e passaram a ter curvas indefinidas e uma ponta mais baixa e longa que faz a faca parecer que está apontando para baixo.
Mesmo mantendo as ótimas qualidades de rigidez da lâmina, o excelente acabamento jateado com micro esferas de vidro e todos os demais itens de auxílio à sobrevivência, creio que com a falta do kit de sinalização a faca perdeu muito do seu brilho pois isso, somado aos cuidados no desbaste da lateral da lâmina e as suas linhas mais definidas é que faziam da faca AITOR COMMANDO uma verdadeira obra de arte.
A faca comando permaneceu inalterada por muito tempo depois da quarta geração, até pouco tempo atrás. Alem disso, o mesmo modelo passou a ser comercializado com acabamento banhado em cromo negro em uma versão com preço algo mais elevado.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Commando BlackQuinta geração: Recentemente a fabrica AITOR, depois de enfrentar muitas dificuldades financeiras e, quase em completo silêncio, fecha suas portas deixando milhares (talvez centenas de milhares) de órfãos que tinham na marca um emblema de força e durabilidade. Quando se soube que a casa AITOR havia serrado suas portas muitos fãs ficaram sem entender como uma empresa produtora de objetos de tanta qualidade pode simplesmente fechar. Foi então que a empresa PIELCO, antes um curtume e depois fabricante de artefatos de couro que passou a representar empresas de cutelaria resolve assumir a AITOR e dá nova vida à esta. Hoje a AITOR/PIELCO tem uma linha de produção mais reduzida, mas com a mesma qualidade e os mesmos materiais que eram praticados após o advento da serra de almena.
As facas COMMANDO de quinta geração possuem apenas o nome da faca no centro da lâmina e com o tradicional furinho demonstrativo do teste de dureza, com as inscrições inerentes ao seu redor e o nome AITOR gravado no pé da lâmina apenas.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]As facas Aitor/Pielco compõem as facas de quinta geraçãoDepois do sucesso da versão em cromo negro, a Aitor/Pielco resolveu lançar, outra variante das facas Commando que alguns fãs chamam de “Urban Camo” que tem partes da lâmina manchadas com cromo negro sendo toda a lâmina jateada com esferas de vidro antes desse processo, o que dá a ela um aspecto de camuflagem urbana.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aitor/Pielco “urban camo”, Variantes da quinta geração.Não sei se poderemos chamar de sexta geração, pois trata-se apenas de uma versão comemorativa denominada “disco de ouro”, onde a faca é vendida em embalagem para presente, na sua versão banhada a cromo negro e com todas as gravações feitas a ouro e numeradas de 001 a 100 e, logicamente com preço muitíssimo mais elevado.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aitor Commando "Disco de Ouro"Embora a iniciativa de adaptar-se sinalizadores à bainha de uma faca não seja algo novo, mesmo para o ano em que a faca foi criada, pois a faca EXPLORA SURVIVAL, que já foi aqui retratada por mim, já o fazia em meados de 1975, mas é realmente grandioso e sem dúvida uma garantia a mais de resgate em caso de pessoas perdidas em locais inóspitos, afinal, estamos falando de uma faca de sobrevivência e ser resgatado significa exatamente isso, não?
Há, ainda a outra semelhança, que é com relação à empunhadura anatômica, que também foi adotada primeiramente pelo Dr. Charles Brever Carias na faca citada acima, portanto, a Commando não trata-se de nenhuma inovação avançada mas sim, plenamente baseada na sua antecessora e meio compatriota, haja vista que o projetista da Esplora Survival é Venezuelano, mas ela foi fabricada na espanha, pela Marto.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A evolução das facas Commando em uma única foto. De cima para baixo, segunda, terceira, quarta e quinta gerações, esta última em duas versões.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui vemos os três modelos de bainha que eram oferecidos com as Commandos. De baixo para cima: A bainha da primeira e egunda geração, logo em seguida a bainha das facas de terceira a quinta geração (note a ausência do disparador de sinais luminosos) e, por último, a variante sem o espaço para a guarda de sinalizadores mas com as “asas” para a acoplagem dos acessórios.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]" />
Existe, ainda, essa versão de bainha de bom couro e finamente acabada que não sei se é item de fábrica ou se feita por algum colecionador, mas o conjunto é de beleza plástica invejável.A minha história com a faca COMMANDO . Inicia-se em 1989, quando comprei a revista Magnum de N°13 que tinha uma matéria da referida faca e, de lá para cá nunca deixei de desejá-la. Tinha prioridades e, como a maioria de nós que não nasceu em berço esplêndido, mal ganhava para viver, então uma faca como estas era o supérfluo do supérfluo, ou um sonho inatingível. Antes tinha o desejo de adquirir uma Jungle King I que era um sonho maior. Nos idos de 1992 eu realizei o primeiro dos meus sonhos, que era a famosa JK I e, embora eu quisesse uma com lâmina preta e cabo camuflado (ou Black camo, como preferem alguns), tive que me contentar com a versão inox que foi o que pude encontrar.
Tive a oportunidade e até cheguei a ter em minhas mãos uma COMMANDO de segunda geração, mas meu objetivo era a JK I, então não a comprei. Fato semelhante ocorreu com a BUCANERO que tive a oportunidade, mas estava cego por uma JK I.
Passam-se os anos e com eles vai se desfazendo a idéia de um dia conseguir possuir uma Commando de primeira, segunda ou, até mesmo, terceira gerações pois a queria com a famosa serra triangular (que alguns chamam de dentes de lobo) e os referidos sinalizadores, então resolvi, meio a contra gosto, comprar uma das atuais de quarta geração mesmo, antes que por qualquer infortúnio parassem de fabricar até mesmo essas.
Hoje, com quase 45 anos, posso considerar que realizei um sonho que acreditava ser impossível. Em pesquisa no site Mercado Livre, encontrei uma faca com o nome faca Mauser e, incrédulo, resolvi dar uma olhada. Eis que era a referida e procurada faca em toda a sua glória. Através de negociação com o Sr. João Bezerra de Fortaleza, pude efetuar a compra de um dos itens que mais desejava para a minha coleção. Uma COMMANDO de segunda geração.
Conversando por e-mail o Sr. João Bezerra me informou que havia comprado duas unidades a muitos anos atrás e uma havia sido presenteada por ele ao seu filho que hoje é um delegado da polícia civil em São Paulo e a outra, a sua, a qual ele nunca havia usado.
Concordamos com os termos um do outro e a faca me foi enviada. Para a minha surpresa quando abri o pacote do correio e ainda dentro da agência fui motivo de risos por quem estava lá, pois sem perceber soltei um – Não acredito!- em alto e bom som quando abri a tampa da bainha e pude verificar que todos os sinalizadores estavam lá e intactos. Isto Srs. é o objeto de maior procura pelos colecionadores. Tal qual a faca Jungle King I Black Camo que adquiri com o Sr. Carlos Costa, também item de colecionador, pois estava em idêntico estado, ou seja completamente “mint” (sem uso), apenas com partes que realmente se deterioram sozinhas danificadas, mas que são de fácil reposição (e já repostas) mas com todos os acessórios originais possíveis.
Agradeço imensamente ao Sr. João Bezerra e também ao Sr. Carlos Costa pelos maravilhosos itens que me venderam e ambos a preços mais que justos. A vocês, desejo toda a sorte de alegrias.
A Commando no batente.Mesmo sendo colecionador de facas (quase que exclusivamente as Aitor), tenho um lema: “So merece ser colecionado o que é realmente de excelente qualidade”. Assim como as facas Jungle king I e as Oso Nero que possuo já foram para a guerra” comigo em diversas oportunidades, seja em minhas aventuras de acampamento, pescarias ou, simplesmente nas caminhadas de sábado com meus amigos no Paraná, A Commando também merecia passar por um “teste de fogo” para ser merecedora de estar com as demais. Depois de devidamente afiada, com instrumentos adequados e, muito cuidado para não riscar o belo acabamento polido mate da lâmina, fui dar-me à trívia de confeccionar algumas armadilhas no campo e até mesmo acender uma fogueira no velho estilo do arco e broca.
As minhas principais considerações são: Lâmina: Excelente pois o formato com ponta mais curta é perfeito para a execução de furos para apoiar a broca ao fazer fogo, também essa ponta mais atarraxada, juntamente com a parte mais larga da extremidade da lâmina causa um maior peso nesta extremidade da faca e, somado ao baixo peso do cabo de peralumal, que é, como já mencionei, uma liga de alumínio, permite cortes de extrema profundidade ao livrar-se de cipós e ramagens verdes que costumam dobrar-se e enrolar nas lâminas de facas e facões. Vejam bem, jamais uma faca como estas irá substituir um bom facão na abertura de trilhas e derrubada de pequenas árvores, mas para o caso de estar sem outra ferramenta, esta sevirá muito melhor que facas comuns, destas em formato bowie que se compram aos borbotões no mercado livre ou em lojas de materiais afins. A serra é a mesma já testada inúmeras vezes nas JK I que possuo e digo o mesmo para ambas, é muito boa mas, muito boa não se compara a excelente. Costuma perder eficiência tanto mais rápido quanto mais mole e úmida for a madeira serrada pois impregnam nos sulcos entre os dentes e tem-se que dar pausas aqui e ali para efetuar a limpeza com um graveto, o que não é de todo ruim, pois todos precisamos de pausas para descanso quando estamos em meio a tarefas de campo não é mesmo, mas o melhor é quando paramos para descansar, e não para limpar a serra, mas enfim...
O formato do cabo realmente ajuda a desestressar a mão quando se tem que efetuar cortes a golpe pois os habitualmente redondos tendem a escapar da mão depois de um certo tempo de trabalho, então a técnica é, passar o fiel (cordão da empunhadura) pelo furo da guarda tão justo quanto o tamanho da sua mão, ao segurar o cabo o permita e, assim, este ará um bom apoio para ajudar a segurá-lo.
Acender fogo com o sistema da commando é um pouco mais complicado do que o da JK I, mas nunca impossível, alias, isso é possível mesmo em dias úmidos, desde que se saiba onde procurar mechas secas.
A corda de amarrar ao punho (fiel) tem um bom tamanho para ser usada como corda do arco para fazer fogo e, a que vem no passador de perna tem tamanho bom para a confecção de um arco para a caça, não sei se a Aitor pensou nisso e até acredito que não, mas as coincidências são muito boas.
Embora eu sempre prefira usar cordas naturais para abrigos e armadilhas, as cordas da faca estarão lá para quando se precisar delas e não se encontrar outros materiais para fazê-las na emergência e são ótimas para qualquer que seja a função pois são resistentes e tem um baixíssimo índice de elasticidade, ou sejam, esticam muito pouco, o que é muito desejável tanto para a confecção de arcos quanto para armadilhas.
Para bater estacas de armadilhas com a tampa do cabo é meio complicado pois se errar da estaca a primeira coisa que esta encontrará são os dedos ou a mão do usuário, para essa tarefa a Explora foi muito mais bem planejada pois permite sujeitar a faca pela guarda em forma de “D” e manter as mãos bem longe do perigo.
Quanto aos sinalizadores... Estes eu não testei por puro conservadorismo pois pretendo mantê-los exatamente assim e, acredito até que não funcionem mais pois foram fabricados a mais de vinte anos e como os demais artigos de pirotecnia, tem prazo de validade curtos, mas estarão lá mesmo que sejam para enfeite. Estou estudando com um amigo químico a possibilidade de construirmos alguns com a carcaça feita em torno e o restante dos componentes feita em laboratório, mas ai serão outros quinhentos.
Enfim, se tivesse que dar uma nota para a Commando, esta seria um oito onde, merecedoras de um dez seriam as JK I e as Explora pois ambas tem muito mais características inovadoras e diferenciais.
Só para arrematar e, para deixar aqueles que realmente não conhecem as realmente boas facas Aitor de sobrevivência, pois disem que facas de cabo oco não servem para nada pois quebram-se com facilidade, coloco aqui este site espanhol onde um membro realizou uma série de testes de tortura na Commando da Aitor/Pielco que deixaria qualquer fabricante de facas com inveja. Não posto as fotos eu mesmo porque precisaria pedir a permissão do foreiro em questão. Não que isso não fosse possível, pois acredito até que eles me cederiam esse direito sem qualquer problema, mas são muitas fotos e este artigo já está grande demais. Mas só para se ter uma idéia, o cidadão em questão perfura e corta uma chapa de flandre, corta grossos troncos de árvore e, pasmem, prendendo a faca entre pranchas de pedra, pisa em seu cabo provando que esta agüenta o seu peso, mas, como eu ja disse em um post sobre esse tipo de coisa, dá pra ver o estrago que faz. Não quebra, mas enche de dentes e caso isso seja caso de vida ou morte, é possível que seja feita.
Abaixo o site do fórum armas blancas onde se encontra o referido teste.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]Já vi vídeos de cidadãos portugueses e mesmo brasileiros dizendo que facas de cabo oco são para enfeites. Espero sinceramente que eles leiam essa matéria e que entrem no referido site para mudarem de idéia.
Abraços a todos e espero que gostem da leitura.