Facas de sobrevivência hollow handle.Bom pessoal, sou amante dos esportes outdoor (caça, pesca, acampamento, etc.) a mais de 30 anos e dentro desse tempo pude ir muitas vezes a campo desde a minha infância onde ia aos rios Chupador, Piqueri, Ivai e Paraná com meu pai e seus amigos, nos bons períodos de férias que passava na fazenda de meus avós ao lado dos primos Amiltom, Valter e Gilvã caçando pombas, codornas e lebres, em outros rios como o Xingú, Araguaia, Amambay, entre outros já depois de mais velho. As noites à beira da fogueira nas margens da Usina Mourão pescando lambaris, tilapias e carpas na companhia de meus bons amigos Darci Besler e José Valdir, me fizeram aprender algumas coisas sobre a vida ao ar livre.
Todos estes momentos bons, mesmo em época de adolescente sempre me fiz acompanhar de uma boa lâmina por mais equipamento que pudesse ter em minha bagagem ou mesmo por mais ínfima que fosse a permanência ou o mais próximo de casa que fosse o local.
Nesse tempo todo, jamais me arrependi de ter um bom canivete ou uma boa faca em minha companhia.
Todo este desenlace que coloquei como prelúdio, serve apenas para enfatizar sobre a necessidade de ser prevenido ao se adentrar ambientes inóspitos ou desconhecidos e que possam trazer algum risco ao nosso bem estar e nunca nos esquecermos de carregar consigo uma boa faca.
Facas para aventura.Pra falar de facas para aventura, de forma geral, sendo elas de emprego militar, caça pesca ou esportes outdoor, não podemos nos furtar a um pouco de história. Então, vamos a ela.
Ao fim do século 19, os caçadores, pescadores e praticantes de esportes outdoor não usavam lâminas muito diferentes das usadas por açougueiros e donas de casa. As lâminas eram finas e os cabos não passavam de dois pedaços de madeira rebitados à elas. Coube a Webster L. Marble na virada do século, mudar o rumo das coisas, introduzindo o conceito de faca de caça. Elas diferiam das demais por ter lâminas mais grossas e pesadas, guardas em forma de cruz e pomos metálicos, muito se assemelhando às facas Bowie que conhecemos hoje, porém, menores. Outros fabricantes logo incorporaram este estilo aos seus catálogo e é descendente direto desse conceito a idealização das modernas facas de sobrevivência.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A foto acima é de uma faca Marbles que custa caríssimo entre os colecionadores, tanto pela qualidade quanto pelo pioneirismo do fabricante.Durante a segunda guerra mundial, facas com essa características foram distribuídas às tripulações de aeronaves que operavam atrás das linhas inimigas para auxílio da manutenção da vida em caso de aterrissagens forçadas em regiões inóspitas ou mesmo para o combate corpo a corpo em últimas instâncias. Botes salva-vidas que eram colocados nas embarcações de guerra também possuíam equipamentos de sobrevivência a bordo, incluindo facas. A maioria destas facas eram simples modelos comerciais comprados em grandes lotes junto aos fabricantes. Porém, ainda durante a primeira guerra mundial dois militares do exército ingles Erick A. Sykes e Wiliam E. Fairbain, apoiados por Jack John Wilkinson, proprietário da empresa de cutelaria Wilkinson (e também das famosas lâminas de barbear com o mesmo nome), desenvolveram uma faca específica para uma unidade do exército denominada de “Commandos” que agiria em pequenos grupos dentro das linhas inimigas causando o caos e a desorientação. Essa faca era na realidade um punhal e ficou conhecida como a primeira faca produzida em série com o fim específico para atender a soldados em campo de batalha.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Esta é a faca Sykes & Fairbain dos comandos britânicos da primeira guerra mundial. Inspiradora de fighting knifes até os dias atuais.Na segunda guerra, ficou notabilizado o modelo das famosas facas dos marines norte americanos KA-Bar, com 18 cm de lâmina, feita em aço carbono no tradicional formato Bowie e possuindo dois rebaixos nas laterais que serviam para alívio de peso e para estravasar o sangue, as famosas “cavas de sangria”.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A faca Ka-BAR, acima, é fabricada neste e em outros modelos e tem sido muito apreciada até os dias atuais. Seu acabamento parquerizado é realmente fantástico.Celebridades à parte, foi necessário dar alguma introdução sobre facas de combate pois as facas de sobrevivência puristas são, na verdade, facas militares por excelência, haja vista que foram desenvolvidas para essa finalidade em períodos de guerra.
Surge o conceito de “faca de sobrevivência”.Chegam os anos 60 e com eles a guerra do Vietnam. Nesta parte do mundo, necessidades especiais surgiram, bem como toda uma gama de materiais para satisfazer essas necessidades.
No final da década de 60, o cuteleiro Bo Randal recebeu uma solicitação especial vinda do capitão George Ingraham que era médico do 94° destacamento do exército. Ingraham pediu que Randal confeccionasse uma faca que possuia uma serrilha em seu dorso para que pudesse cortar a fuselagem das aeronaves de transporte de tropas abatidas (normalmente em alumínio) para efetuar o resgate do pessoal, além de um punho oco que permitisse o armazenamento de materiais de auxílio à sobrevivência. Randal confeccionou a faca, depois, utilizando a lâmina do seu modelo 14 no mesmo sistema de cabo e passou a comercializá-la sob a discriminação de “Survival Knife Randal Model 18 Attack”, criando assim, a primeira faca de sobrevivência moderna que se tem notícia
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A Faca de Sobrevivência Randal modelo 18 Atack foi a faca precursora de toda uma vasta família de facas desenvolvidas posteriormente por empresas e cuteleiros artezanais.Uma retórica.Essa foi a primeira faca de cabo oco inventada?
Não mesmo.
Já a muito anos atrás, desde aproximadamente a década de 30, facas com empunhadura oca eram feitas para caçadores guardar espoletas em local longe de umidade, porém, falharam no quesito robustez pois os vapores gerados pela decomposição das espoletas antigas, que eram feitas de fulminato de mercúrio, causavam corrosão e prematura fratura dos cabos ou lâminas que, como já foi dito, eram muito delgadas.
Outras facas também foram desenvolvidas para caça e com cabo oco, mas para a guarda de fósforo e que, também foram retiradas do mercado rapidamente por um ou outro motivos.
Ainda durante a guerra do Vietnam, no início de 1970, dois projetistas Ken Warner, auxiliado por Pete Dickey, com a idéia de desenvolver uma faca de sobrevivência que realmente aguentasse a qualquer uso que se pudesse fazer dela, notadamente em situações onde o desespero é a tônica, desenharam uma faca que foi a escolhida por muitos soldados no Vietnam. O modelo escolhido era baseado em um desenho do cuteleiro Bill Moran e foi fabricado pela empresa Hackman da finlândia e alguns milhares de unidades foram feitos, porém, a empresa Garcia, na época uma próspera loja de venda de material de pesca, e que comercializava esa faca de forma regular em seu catálogo de vendas, comprou a patente do projeto e, para baratear os custos de produção, fez algumas mudanças no projeto original e contratou a empresa Jacques Inox (pasmem), em São Paulo no Brasil para a fabricação das novas unidades. As primeiras unidades (as finlandesas), eram fabricadas em aço inoxidável 440 C com espessura de 1/4”, as do contrato brasileiro eram mais finas para diminuir o peso, cerca de 1/8” e feitas em aço AISI 420. Na verdade com a metade da espessura e com material menos apropriado.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima vemos a faca Hackman, finlandesa.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Agora a versão brasileira. O perfil de ambas as facas era idêntico, mas a espessura...Agora uma curiosidade à parte.O próprio Bill Moran, cuteleiro idealizador do modelo do qual esta faca foi baseada, comprou 100 unidades da mesma e comercializou com bainhas feitas e decoradas à mão por ele próprio para vender a pessoas que desejavam uma faca de sobrevivência robusta mas não queriam esperar 3 anos na fila por uma obra sua.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima, foto das bainhas originais e das fabricadas por Bill Moran, a de baixo é a original e a de cima a fabricada por Bill MoranAs facas do contrato finlandês custam em torno dos U$350,00 atualmente e as do contrato brasileiro cerca de U$100,00 a menos que isso.
Construidas em aço inoxidável com lâmina de 1/4” (ou 1/8”), com comprimento de lâmina de 7” (177,8 mm) e comprimento total de 11 3/4” (298,45 mm), o cabo, guarda e pomo é feito em aço carbono banhado em cromodur na versão fiinlandesa mas na versão brasileira, a guarda e o pomo passaram a ser feitos de alumínio. Por fora do cabo haviam anéis de couro à moda KA-Bar, na versão finlandesa, mas na versão brasileira era feita de madeira.
A bainha é feita em couro e possui um bolso onde se guarda uma bússola que fica inserida em uma peça retangular feita de plástico que tem uma pedra de afiação do lado oposto e uma barra de pederneira colada na lateral, além de um apito inserido dentro da mesma.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Na foto acima pode-se ver o espaço onde era colado a pederneira e na parte de baixo a pedra de afiar[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui, a bússola inserida no mesmo acessório.Nada se sabe sobre se a faca era oferecida com algum objeto dentro do cabo ou se este vinha vazio pois os exemplares que chegaram até os dias atuais não possuem esses acessórios.
Essa faca foi a preferida de muitos soldados que lutaram naquele conflito e era amplamente utilizada pelos pilotos de aeronaves de transporte ou caças que atuaram no período sendo que a faca utilizada hoje pelos mesmos lembra muito em desenho as antigas, porém não tem o cabo oco e nem os acessórios.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima uma foto da faca camilus, de dotação dos pilotos norte americanos até recentemente, hoje é utilizada a ASEC que tem as mesmas linhas na lâmina, porém o cabo é de material sintético e algo diferenciado.A guerra acabou mas o conceito não.Algo próximo de 1975 , não se sabendo a data exata, um certo Dr. Charles Brewer Carias, radicado em Caracas, na Venezuela, homem que realmente tem uma vida digna de um livro de altíssima tiragem ou mesmo um filme de aventura de grande bilheteria, usa toda a sua experiência para projetar uma faca de desenho aparentemente convencional, mas que incorpora inúmeras outras qualidades e funções paralelas e que eu, particularmente acho ser insuperavelmente a mais bem projetada faca já criada em todos os tempos, a faca Explora Survival, já comentada neste fórum por mim mesmo. Não consegui ainda um esclarecimento a respeito de, se foi a MARTO (fabricante destas facas) quem primeiro teve a idéia da confecção das mesmas e convocou o Dr. Charles Brewer para projetá-la, ou se o próprio Dr. Brewer criou o projeto e passou os direitos de fabricação à MARTO, mas o fato é, que em seu tempo (para mim ainda não superada até os dias de hoje), essa faca foi tida como a melhor ferramenta para auxílio à sobrevivência já criada. Especialistas do mundo todo escreveram suas opiniões a respeito desta e em todos esses depoimentos, o que se vê são somente os elogios ao gênio criativo que é o Dr. Brewer. Particularmente, como projetista que sou, eu adoraria ter tido um instrutor/mentor como estes em minha juventude.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A faca Marto/Brewwer Explora Survival, O melhor e mais técnico equipamento que o mundo já conheceu em matéria de facas auxílio à vida em condições extremas.Não vou me alongar muito nesse assunto pois muito já foi dito sobre ele no artigo que escrevi nessa mesma seção sob o nome “faca MARTO Brewer Explora Survival”.
Filmes de açãoOs filmes de guerra da época foram grandes divulgadores de todo tipo de armas, como arcos, bestas e, principalmente, facas.
A maioria das facas feitas para filmes de ação são feitas de forma custom e seus cuteleiros ficaram célebres pelos desenhos exclusivos e pela versatilidade de projeto.
Vamos citar alguns deles, começando pelo principal deles.
Rambo First Blod ou "O Primeiro Sangrento" (Programado para matar no Brasil).Em meados de 1978, e embalados por um personagem um tanto quanto polêmico, o Lendário John Rambo (o qual usava uma faca com as características indicadas pelo Dr. Ingraham e com explêndido desenho e execução do cuteleiro Jimi Lile), centenas de milhares de soldados, caçadores, pescadores, aventureiros ou mesmo apreciadores de cutelaria solicitavam às lojas do ramo que lhe fornecessem facas com aquelas características. Mas a demanda muito maior do que a produção do produto causou dois efeitos que os verdadeiros amantes da cutelaria de qualidade se ressentem até os dias de hoje. 1º. Os preços e a fila de espera para se conseguir uma cópia da famosa “faca do Rambo” cresceram astronomicamente. 2º. O aparecimento de inúmeras cópias (ou mesmo modelos diferentes daquele, mas dentro do mesmo conceito) baratas e de qualidade infinitamente inferior. Esses dois fatores somados causaram um terceiro fator que é a aversão que muitos apreciadores de lâminas mal informados tem a esse tipo de sistema pois a grande maioria destas facas era feita com apenas um parafusamento da espiga da lâmina ao cabo, o que invariavelmente se solta quando se usa a mesma para golpear madeira, some a isso, lâminas muito finas e baixa qualidade do aço e o que se tem são inumeras peças com a espiga quebrada, solta ou com dentes no fio, fatores ainda agravados pela serra mal executada (que não serra nada) e kits de sobrevivência absolutamente inúteis.
As verdadeiras facas feitas para o filme por Lile tem uma lâmina de ¼” de espessura e um sistema de fixação da lâmina que compreende um degrau na espiga e um prolongamento com um furo de Ø1/4” que recebe um pino no mesmo diâmetro atravessado a ele. Um tarugo com rosca externa e uma reentrância vazada que encaixa-se perfeitamente à espiga da lâmina é posicionada nesta e trespassada por esse pino de tal forma que, ao rosquear-se o cabo a ela, esta traciona a lâmina de encontro à guarda, prendendo todo o conjunto de forma sólida e, com uma boa cola trava roscas industrial, isso só será desassociado se a base do cabo for aquecida ao rubro, o que, se for feito, com certeza destrói a lâmina, portanto, fica inviável.
O Sr. Lile fez na lâmina uma serra como as que são usadas em serras fitas para se serrar toras de madeira em madeireiras, porém, como estas toras segurariam as serras, nestas é feito um serviço de “travamento”, ou seja, os dentes dessas serras é aquecido e entortado ora para um lado e hora para o outro fazendo com que estes abram um canal na madeira serrada, maior do que a espessura de sua lâmina e possam deslizar pela abertura de forma macia e contínua. Bom, fazer um sistema assim em lâminas de facas não seria muito viável pois além destes dentes enroscarem na bainha no momento do saque, destruindo-a rapidamente, ainda seria dificílimo de entortar dentes tão curtos em uma espessura de açõ tão grossa, então, o Sr. Lile apenas desbastou a lâmina da faca para que esta ficasse com a serra mais grossa que o corpo, podendo então deslisar por entre a madeira serrada sem qualquer forma de enrosco. Ainda, como a lâmina é mais estreita que a serra, o material serrado escoa com maior facilidade não comprometendo a qualidade da serra.
Feita toda em aço inoxidável 440 C com dureza entre 53 e 55 HRcº, apenas com uma parte da lâmina na coloração natural do aço depois de temperado, a faca dos filmes Rambo I tem um aspecto bastante intimidador e, somados ao seu fio e serra polidos, dão uma aparência de serem até mais afiadas do que o são na realidade (embora sejam).
As facas originais do filme possuíam um passador costurado na parte frontal da bainha onde era instalado um afiador desmontável. Tal afiador é feito em duas partes cujas quais são rosqueadas uma à outra de tal forma que uma seja o cabo e a outra o afiador e, quando desmontado, o afiador encaixa-se dentro do seu próprio cabo para redução de espaço.
O cabo, também feito de aço inoxidável tem enrolado por fora cerca de 9 metros de um cordel de 2 mm de diâmetro na cor verde que pode ser usado na confecção de armadilhas ou pesca.
O cabo e a tampa são feitos de aço AISI 304 não-magnético para não dar interferência no campo magnético da bússola.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima uma foto da faca do filme "Rambo - Firt Blod". O começo da febre.Rambo II.No início de 1982, e motivados pela grande repercução conseguida pelo primeiro filme, os produtores Mario Kasar e Andrew Vajna decidem fazer a continuação das aventuras desse herói e convocam Silvester Stalone para ajudar a elaborar a história e roteiro.
Assim como no primeiro filme, uma excelente faca de sobrevivência também o acompanha.
Também confeccionada por Jimi Lile, apenas um pouco maior que a do primeiro filme, mas com exatamente as mesmas características a enorme faca livra Rambo das mais inusitadas e improváveis situações.
Não se pode dizer muito mais coisas a respeito dessa faca do que já foi dito a respeito da faca do primeiro filme pois esta é quase uma cópia em escala aumentada da primeira, diferindo desta apenas pelo “skull crusher” (quebrador de crânios, numa tradução mais aproximada) no pomo da empunhadura e a pintura da lâmina que agora é preta.
Como curiosidade a respeito desse filme podemos dizer que foram feitos três modelos de faca para serem usadas, cada um com acabamento diferente, embora no mesmo modelo e, apenas o modelo com lâmina pintada de preto seja conhecido do grande público, os demais modelos também foram usados em cenas que não era mostrado claramente a peça.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]As facas feitas para o filme Rambo II. Bonitas, mas enormes.Também foi confeccionado uma réplica de plástico com uma pequena luz dentro de sua ponta para imitar o metal aquecido na cena em que o soldado russo queima o rosto do personagem e a fumaça e cicatriz que aparecem na cena foi conseguida através de uma maquiagem especial que reage com uma substância química colocada na ponta da faca de plástico que causa a fumaça imitando a pele sendo queimada. Nessa época tudo era mecânico e não haviam efeitos virtuais ou digitais.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A imagem da faca "quente" queimando a pele do ator. Uma luz dentro de uma faca de plástico e produtos químicos fizeram os efeitos.Rambo IIIOutra coisa que muito pouca gente conhece é que, com a morte de Jimi Lile e a necessidade de contratação de outro cuteleiro para a confecção da faca do novo filme do heroi americano, o próprio Stalone sugeriu, e foi atendido pelos produtores, a contratação de Gill Hiben, cujo qual já era conhecido do ator através de uma feira de cutelaria em que este participou. Hiben, então, não quis fugir muito ao design consagrado por Lile e projetou outra lindíssima faca de sobrevivência para a nova película, só que desta vez fez um cabo ergonômico que seria bem mais funcional, mas Stalone não quis usá-la no filme pois as locações onde seria ambientada a nova saga não exigiriam algo desse gênero e, também, segundo declarações suas, preferiu manter o estilo de Lile intocado em homenagem ao artista, então, pediu a Hiben que fabricasse outros modelos de faca mas desta vez sem a empunhadura oca e o resultado foi a enorme (mais enorme ainda) faca do filme.
Mesmo não querendo usar a faca com cabo oco no novo filme, Stalone ficou com ela para a sua coleção e Hiben fabricou mais algumas unidades para venda a colecionadores a preços muito elevados.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]Esta foi a faca com cabo tubular, mas com contornos para os dedos. Notem que não tem o desbaste na lateral da lâmina, o que torna a serra inútil para serrar madeira. Um detalhe que Jimi Lile não esqueceria.Commando (Commando Para Matar, no Brasil) e o cuteleiro Jack Crain.Embora a película tenha direção bastante pobre e atuação idem, não foi um filme de baixo orçamento e rendeu alguns milhões aos produtores.
O personagem John Matrix, interpretado por Arnold Schwarzenegger rouba uma linda faca de sobrevivência feita pelo cuteleiro Jack Crain de uma loja de armas e a usa na luta contra o vilão Bennet. Não mostra detalhes mas tem lâmina de 6 mm de espessura com 11” (279 mm) de comprimento e cabo com 5” (127 mm) formam uma enorme espada que nas mãos de Schwarzenegger não parece nada tão monstruoso assim.
Embora possua serra no dorso da lâmina, esta é mais estreita que o corpo da mesma e seria inútil para madeira ou outro material duro, servindo apenas como fator de intimidação e agressividade do design.
Não é mostrado o que tem dentro do cabo nem tampouco se este é realmente oco mas pelas fotos dá para ver o que parece ser um fio negro na junção cabo tampa que acredito ser a borracha de vedação.
Tem um pomo plano e um cordel de nilon enrolado no cabo à Jimi Lile.
A guarda é enorme e muito desengonsada, contrastando com o restante do projeto , possui uma chave de fendas na parte inferior e uma chave philips na parte superior à moda Rambo II.
Todo o conjunto é feito de aço 440 C, sendo que a lâmina tem duas têmperas sendo a parte do meio da lâmina com 58/59 HRc e o pé da lâmina com 45/46 HRc.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Conjunto de facas de sobrevivência usados por Arnold Schwarzenegger no filme "Commando".
Predator e, de novo Jack Crain.No fim dos anos 80, um filme de ação e terror movimentou o grande público mundial por ter no papel principal, novamente o “ator” Arnold Schwarzenegger, mas que desta vês surpreendeu com uma boa atuação em um filme muito bem produzido e, embora de orçamento restrito (a verba acabou antes do término do filme e os produtores tiveram que injetar mais dinheiro senão o filme não acabaria), muito bem dirigido.
O personagem de Schwarzenegger, o major Dutch Schafer, lidera um grupo de commandos para o que seria uma operação de resgate mas acaba ficando só em meio à floresta perseguido por um monstro alienígena que caça seus companheiros.
Schwarzenegger usa, entre outras armas, uma grande faca de sobrevivência fabricada também por Jack Crain que o ajuda a sobrepujar o álien depois que fica sem o arsenal moderno perdido na perseguição.
A faca projetada por Crain é ainda maior que a do filme Commando e possui 12 ½” (317,5 mm) de lâmina e 5 ½” (139,7 mm) de cabo e esta, até mesmo nas mãos do grandalhão Schwarzenegger já dá pra se notar que é monstruosa. Pra se ter uma idéia do tamanho, ela é 1” maior que um teclado de PC tamanho padrão que tem 17”.
Também construida toda em aço inox 440 C com o mesmo sistema de têmpera, e acabamento realmente fantástico, tanto que sequer se nota as minúsculas folgas nas junções entre lâmina e guarda, comuns em qualquer faca, seja ela comercial ou artezanal.
O destaque desta faca fica por conta de uma peculiaridade pois ao contrário do que era usado até então, esta lâmina não apresenta a serra de contrafio, porém, ao contrário do modelo Commando, a lâmina é desbastada de forma a ter o dorso mais largo do que o meio. Será que o criador iria fazer a serra e desistiu no meio do caminho por achar que ficava mais bonita sem? Mas também, convenhamos que com uma faca nestas dimensões, nem precisa serra pois a mesma já deve pesar tanto quanto um machado.
O pomo da empunhadura é feito em forma cônica, o que serve muito bém para combate pois é um “skull crusher” natural, mas o inviabiliza para quebrar noses, martelar estacas ou coisas que o valham.
Por fora do cabo encontraremos a tradicional cordinha de nilon de múltiplas utilidades.
Bom. Embora no filme não mostre, pois a cena foi cortada da película (que pena pois é interessante), mas dentro do cabo tem fósforos, que Schwarzenegger utiliza para confeccionar algumas granadas usando o propelente das granadas que lhe restaram. Pode-se ver a cena da faca sendo aberta através do youtub procurando por “Schwarzenegger Predator 1 Deleted Scenes”.
As facas Crain são dificílimas de ser encontradas e quando se encontra o preço é absurdo, por volta de U$1.600,00 as do modelo Commando e U$2.500,00 as do modelo Predator, embora os facões usados no filme sejam encontrados até mesmo no Brasil para serem comprados e já cheguei a vê-los até no Mercado Livre a preços não exatamente exorbitantes, mas também não muito acessíveis a nós, reles mortais.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui o conjunto de facas e facões feitos por Jack Crain para o filme "Predator". Realmente muito bonitasOutros.
Fora estes filmes que ficaram famosos, outros filmes de baixo orçamento (e bilheteria idem) também mostram facas de sobrevivência como o filme “American Ninja”, que mostra o ator principal usando uma Explora Survival para cortar arames, o filme “Senhor da Guerra” estrelado por Klint Eastwood, também mostra vários membros da unidade de Eastwood usando Exploras, Na série de TV “MacGuiver”, o vilão que é o arqui-inimigo de MacGuiver usa facas de sobrevivência custom em três episódios onde persegue MacGuiver, No filme “Queima de arquivo” com o grandalhão Schwarzenegger, ele usa uma Explora na cena em que enfrenta agentes na casa de uma testemunha.
De volta ao mundo real.
Cuteleiros custom norte americanos.Além de Jimi Lile, Bo Randal, Jack Crain, notabilizaram-se com seus modelos de faca de sobrevivência, Robert Parish, Bil Sanders, Chris Reeves... Cada qual com seus modelos com maior ou menor grau de utilidade, além de processos de têmpera exclusivos e materiais e acabamento diferenciado. Alguns dos quais notabilizaram-se por seus produtos não terem a confiabilidade exigida, outros por surpreenderem exatamente pelo oposto.
Abaixo, alguns modelos e seus criadores.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Facas do cuteleiro Bill Sanders. Belas, bem prijetadas e muito bem executadas.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Esta é uma das facas do cuteleiro Chris Reeve, que ficou célebre por construir facas de sobrevivência monobloco a partir de uma barra redonda de aço carbono.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]As fotos acima são de facas do cuteleiro Martin com seus modelos MCE, SURV9, SURV8 e SURV 7, respectivamente. A primeira feita em aço carbono e a última feita em aço Damasco, as demais em inox 440 C.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Faca do cuteleiro Robert Parish, o vilão das Hollow Handle.Facas de sobrevivência comerciais.
Buck BuckmasterA tradicional empresa de cutelaria Buck norte americana, situada perto de San Diego, Califórnia, que estava à beira da falência, recebeu um grande impulso quando começou a fabricar o seu modelo Buckmaster, uma faca grande destinada à sobrevivência com 7 ½” (19 cm) de lâmina e ¼” de espessura tem o nome do modelo estampado na lateral por forjamento a quente.
Além da lâmina, cabo, guarda e pomo totalmente em aço inoxidável, ainda apresentava dois furos com rosca na guarda que serviam para acoplamento de dois pinos que transformavam-na em uma âncora, além de uma peça acoplada ao final do cabo e presa pela tampa que serviam para passar uma corda e transformava o conjunto em um gancho de rapel (da qual a Tramontina copiou a idéia). A bainha, feita de polipropileno injetado possuía dois passadores laterais onde se acopla um bolso de nylon que serve para a guarda de uma bússola tipo silva.
A buck notabilizou-se dentro e fora dos EUA pela excelente qualidade de seus produtos, pois além da escolha de aços e temperas que dão ao produto final uma garantia de durabilidade por toda a vida, o acabamento era esmerado, fazendo-a a preferida por muitos colecionadores de todo o mundo, embora os seus preços nunca fossem atraentes.
A faca Buckmaster é resultado de uma parceiria feita entre a Buck e a empresa Probis, fundada por Charles Fin para conceber ferramentas de sobrevivência e armas.
Embora a faca Buckmaster tenha sido um estrondoso sucesso de vendas, promovida também pelo filme Rambo que usa uma faca bastante parecida, a empresa Probis e Buck não conseguiam entrar em acordo quanto ao repasse de royalties sobre os direitos de projeto e, somado a mais dois desenhos que a Buck havia encomendado à Probis e que também foram muito rentáveis à Buck (uma faca dobrável e a baioneta M9, da qual 300.000 unidades foram vendidas ao exército), as empresas entraram em disputa judicial, só acertando suas diferenças com a compra dos direitos pela Buck.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A faca Buckmaster da Buck, Segundo alguns usuários, muito grossa, pesada e cara, mas uma das mais colecionáveis entre os norte americanos. AITORAinda na década de 80, outra tradicional fabricante de facas espanhola, a AITOR decide entrar no jogo e passa a fabricar os seus modelos Jungla 464 (que não passou da fase de protótipo), Jungle King I, Jungle King II, Jungle King III, Bucanero, Commando e, por último a Desert King, todas com cabo oco, materiais, acabamento e acessórios de excelente qualidade.
As facas AITOR tem um aço de excepcional qualidade e acabamento beirando a perfeição. A dureza das suas têmperas fica em torno dos 54 a 57 HRc, o que as torna não muito difíceis de serem re-afiadas quando perdem o corte mas os mantem por um bom tempo de uso árduo, tanto quanto o necessário para o fim a que se destinam.
Também não me alongarei falando destas facas por já ter esmiuçado o suficiente as mesmas nas matérias “Jungle King I” e “Commando” neste mesmo tópico e, as outras duas, Jungle King II e Bucanero serem objeto de posts futuros se for do agrado dos amigos foristas.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui a família de facas de sobrevivência hollow handle da Aitor quase completa (falta a KJ III). Da esquerda pra direita: JK II, Bucanero, JK I, Commando e, por último, Desert King.
Destas, apenas a Bucanero não é mais fabricada. Uma família pra ninguem botar defeito.Halcon.Além da fábrica Aitor e Marto, uma outra empresa fabricou facas de sobrevivência, a Halcon (falcão em espanhol). Tinha um modelo que foi fabricado em pelo menos duas cores, cinza e preta e dois modelos de bainha, um rígido e outro flexível e que era, além de muito bonita, extremamente funcional.
Uma peculiaridade nos modelos dessa empresa é que, mesmo tendo cabos tubulares e apresentando uma tampa aparente nos cabos, esta não se abria e os itens de sobrevivência ficavam confinados em uma gaveta dentro da bainha. Não se sabe o porque dessa atitude da empresa, a princípio pensou-se que era por problemas de patente, mas inúmeras outras empresas fabricaram esse tipo de equipamento sem qualquer tipo de cobrança de royalties.
Estas facas são raríssimas e quem as possui em bom estado não se dispõe das mesmas. Quanto à dureza de têmpera, tipo de aço ou mesmo dimensões, nada é sabido por mim por mais pesquisa que tenha feito, embora já tenha visto fotos de uma peça destas quebrada na mesma linha onde começa o fio e a serra pois cria-se um ponto de fragilidade ali, também porque, ao que pude ver, as lâminas destas facas são muito finas, algo em torno de 3,5 a 4 mm para uma faca de lâmina tão grande onde a força de alavancagem cria tensões muito altas, notadamente no pé da lâmina.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A faca Halcon, espanhola, bela, mas frágil.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima a foto da dita cuja quebrada.As brasileiras.A febre sobre as tradicionais facas de sobrevivência (ou facas do Rambo como ficaram vulgarmente conhecidas) chega ao seu ápice. A grande maioria dos fabricantes do mundo todo passa a ter em seu catálogo algum tipo de faca de cabo oco com serra no dorso e bússola na tampa e, neste vasto território tupiniquim não poderia ser diferente.
Primeiro as custom.
Roberto Gaeta (ou Bob G.).Esse fantástico artesão de São Paulo, precursor da arte no Brasil tinha em seu catálogo de vendas desenas de modelos de facas de sobrevivência com cabo oco e serra no dorso. Particularmente, acho seus projetos bastante bons, mas isso não se iguala a ótimo não é mesmo. Porém, algumas possuiamr um furo na base das lâminas e uma espécie de cintura antes da guarda que as fragilizava muito. Outro ponto que achava bastante extravagante e pouco funcional eram as bainhas com bolsos muito grandes e muita coisa saindo para fora deles.
Trabalhando quase que exclusivamente com o aço 440 C, Gaeta ficou muito conhecido pelo alto grau de acabamento das suas peças tendo, inclusive, peças suas vendidas com uma certa regularidade para o exterior.
Um projeto seu que difere muito do tradicional estilo Bowie usado nessas facas é a faca Águia, realmente algo muito inovador e estupendamente executado. Este talvês seja um dos meus projetos preferidos dentre os feitos por este artesão do açoe creio ser o mais original e efetivo dos seus designs
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima o modelo de sobrevivência convencional mais vendido de Gaeta.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui uma coleção admirável.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima a "Àguia" de Gaeta, um excelente projeto, funcional e de linhas lindas, além de muito original para o gênero.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Um projeto mais recente de Gaeta é essa enorme faca com mais de 27 cm de lâmina e um adereço de borracha na empunhadura. Dessa vês a serra não é afiada.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Essa é a Zagaia, um dos últimos projetos do gênero do artesão e com adereços bem diferentes no cabo. Porém, furo e estreitamento na lâmina junto ao cabo..Antal Bodolay.Disputa o título de primeiro cuteleiro custom do Brasil com Bob G. a meu ver, tem projetos mais sóbrios e com características mais funcionais embora muito simplista. Um desses projetos continha adereços de couro em volta do cabo que dava um excelente haspécto final ao conjunto.
Trabalhando em uma pequena oficina na região da Pampulha em Minas Gerais, Bodolay utiliza tanto aços inoxidáveis quanto ao carbono em seus projetos sendo que estes últimos recebem acabamento tanto oxidado quanto fosfatizado e os primeiros podendo apresentar acabamento polido ao espelho ou foscos através de banhos a ácidos.
Bodolay também fabricava réplicas de canhões, balestras e outras peças de aço.
Hoje, Edgar seu filho tomou o seu lugar na confecção de peças e as executa muito bem com excelente acabamento e com materiais e têmpera primorosos
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima facas de Antal Bodolay, a do centro é um dos modelos de sobrevivência do cuteleiro, ladeada por um cucri acima e uma faca de caça à moda Buck, todas de acabamento impecável alem de design sóbrio e elegante.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui o modelo de sobrevivência mais conhecido do cuteleiro com a linda bainha em couro e uma skinner de múltiplas utilidades que vinha no conjunto à moda Jungle King. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Os dois modelos acima são fabricados pelo filho de Atal, Edgar, que ao que parece herdou as habilidades do pai.Milton Padilha.Paulista mas residente em Curitiba, Milton Padilha trabalhava com pouquíssimo ferramental sendo o seu trabalho, talvês o mais artezanal de todos os custom’s do Brasil.
Padilha tinha vários modelos de facas e punhais mas apenas um modelo de produção mais regular com punho oco. Este modelo era baseado em um modelo do cuteleiro Robert Parris. Feito em aço ao carbono temperadas ao óleo tinham a guarda, cabo e pomo em aço AISI 304. O formato drop point culminava no eixo da lâmina e a serra triangular com dentes pequenos tinha os cantos, que deveriam alem de ser vivos e mais largos que a lâmina, arredondados pelo processo de polimento. Embora uma peça muito bem executada para servir como peça de coleção, como equipamento de sobrevivência deixaria a desejar pois uma faca que se diz de sobrevivência deve exigir cuidados mínimos e isso implica a utilização de aços inoxidáveis para não enferrujar. O sistema de junção do cabo era um segredo do artesão, mas o pouco que revelou dava mostras de que era o mesmo usado por Jimi Lile
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A faca de Padilha é quase uma réplica da faca de Parish. Só espero que não seja frágil como a sua predecessora.Fabricantes industriais.
Paz & Pazini.Embora esta seja uma tradicional fabricante de facas para churrasco ao estilo gaucho de Fóz do Iguaçú, havia em seus catálogos antigos algumas facas custom ou semi-custom com cabo oco que realmente chamavam a atenção pelo design e acabamento, embora os vendedores que me atenderam nunca conseguiram me responder qual o tipo do aço e nem a dureza da têmpera. À época (1985, aproximadamente), entrei em contato com a empresa para estudar a compra de uma destas fabulosas peças mas como o resultado da conversa não foi satisfatório, acabei por desistir (Oh! Quão arrependido estou).
Algumas destas peças que figuravam em uma propaganda na revista Magnum da época tinham designs e acabamento realmente de saltar aos olhos.
Como tradicionalista que sou e, fã das facas de Jimi Lile de porte médio a grande, não poderia deixar de notar estas peças e desejá-las para a minha pequena coleção.
Ao final da década de 80 a revista Magnum encomendou a este fabricante a confecção de 100 peças de um modelo de facas de sobrevivência com 18 cm de lâmina e punho oco, porém com tampa feita (no que parecia ser) de aço carbono??????
Fiquei realmente muito intrigado com aquilo pois uma tampa nesse material realmente inviabilizava muita coisa na faca pois ao contato quotidiano com a mão, mesmo recebendo um acabamento excepcional, este tenderia a enferrujar-se rapidamente, além de, inviabilizar a instalação de uma bússola nessa região. Bom... Vá saber o que pensaram os idealizadores, de repente, queriam idealizar um martelo bem resistente, quem sabe.
Estas facas eram vendidas pela própria editora da revista com uma linda bainha de couro negra em um estojo de imbuia acolchoado internamente com um veludo vermelho. Realmente lindo o conjunto.
Recentemente vi um anúncio no Mercadolivre de uma faca muito parecida com a primeira que me interessei nos anos 85 e logo mais tarde vi outra como a das versões comemorativas da revista Magnum, mas os preços estavam algo fora de alcance para min no momento. Na verdade não precisa ser muito alto pra ficar fora de alcance pra mim. Uma oportunidade que realmente vou me lamentar muito de ter perdido.
Quanto ao aço e a dureza de têmpera, acredito piamente que se fosse algo de baixa qualidade, a revista Magnum não teria escolhido essa empresa para fabricar as facas comemorativas da sua marca, principalmente porque esta revista tem um dos melhores (senão o melhor) escritor sobre o assunto de todo o pais, que é o Sr. Laércio Gazinhato, a quem muito me inspirou em minhas pesquisas sobre o assunto.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima, Página promocional das facas esportivas Paz & Pazini. Bons tempos.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Este modelo foi fabricado a pedido da revista Magnum em comemoração aos seus 10 anos.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima um dos modelos de sobrevivência da Paz & Pazini à venda no mercadolivre no início deste ano.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima o modelo comemorativo da revista Magnum fabricado pela Paz & Pazini que também estava à venda no Mercadolivre no início do ano.Tramontina.A tramontina começou a fabricar facas de sobrevivência com o modelo “Commander I” nos meados de 1986 ou 87, não me lembro ao certo, mas o fato é que tanto o projeto quanto a matéria prima eram de qualidade bastante impróprios (pra não dizer outras coisas), seguidos pelos modelos Commander II e Commander III.
Commander I.
O modelo que tive era muito anti-funcional pois (começando pela lâmina) tinha uma serra positivamente inútil, além de uma reentrância na base da lâmina que servia como abridor de garrafas, mas que no fim das contas enfraquecia sobremaneira a lâmina pois diminui a secção exatamente no ponto onde mais esforço esta sofre e a chapa utilizada era de grossura intermediária (4 mm), o que não ajudaria em nada nesse ponto. Pra falar a verdade, apenas dobrando a guarda na parte superior já se conseguiria um abridor muito mais eficiente que este sem, contudo, enfraquecer a lâmina. A espiga desta lâmina sofre um rebaixo e depois outro que culmina em um parafuso forjado da própria lâmina, tal forjamento acaba por “engordar” o parafuso em 1 mm deixando-o com 5 mm e cerca de 15 mm de comprimento, que é inserido dentro do cabo de alumínio e parafusado a ele por dentro. Eu nunca ouvi dizer que nenhuma destas facas tenha se quebrado nessa junção, apesar de toda essa aparente fragilidade, mas de qualquer forma, eles se soltam com muita facilidade quando de golpeia em madeiras ou usa-se algum porrete para essa finalidade, tendo-se que levar junto com a faca uma chave de pito na medida de ¼” para ir apertando o parafuso/espiga enquanto se utiliza da faca.
O cabo destas facas é feito em alumínio injetado e, embora como muitos podem dizer que é um material sem qualquer especificação de dureza e elasticidade, eu nunca vi nenhum cabo de nenhuma Tramontina de cabo oco quebrar-se por mais esforço que tenha sofrido embora já tenha visto gente que tenha colocado muita força neles, mais à frente direi mais a respeito.
A tampa do cabo da Commander I é uma grande incógnita para mim. Não sei exatamente o que eles pretendiam mas fizeram isso em uma enorme peça de Zamac com a bússola voltada para fora, o que fragiliza o conjunto e deixa a extremidade do cabo exageradamente pesada, tanto que é impossível andar com ela na cinta sem estar com o cabo abotoado pois ela se vira e cai, então, quando se está trabalhando com ela no campo e se quer uma certa agilidade no saque, é melhor colocá-la enfiada em uma árvore do que guardá-la na bainha para acesso rápido.
O kit de sobrevivência realmente não merece nem comentários. Deve ser trocado no momento da compra.
A bainha em excelente couro (afinal algo deveria prestar não é), é muito bonita e com a faca inserida nela, faz quase esquecer todas as falhas de projeto que estas possuem. Tem um bolsilho na frente e uma pequena pedra para a afiação de muito boa qualidade.
Uma observação adicional. Não sei que aço a Tramontina usou nessas facas ou que processo de têmpera empregou, mas a qualidade da combinação era realmente difícil de engolir. Eu fiz alguns belos dentes na minha apenas cortando bambu para fazer uma xoxa para pombas em uma caçada e isso me deixou tão desgostoso que acabei por doá-la de presente a um amigo que havia ido caçar comigo algumas vezes e disse não se importar com esse probleminha pois só iria usá-la para limpar peixes em suas pescarias.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Faca Commander I da Tramontina.Commander II.Nunca me interessei de fato por este modelo por causa da decepção com a primeira faca, mas já possui algumas melhorias muito grandes.
O modelo foi copiado da faca Buckmaster, desenhada pela empresa Probis e fabricada pela Buck, que mencionamos anteriormente. Possui uma serra para escamar peixe ou cortar pão no contrafio, serra trançada no dorço à moda explora survival (agora sim, algo funcional, embora esta não seja mais larga que o restante da lâmina, mas funciona) e um furo oblongo a alguns centímetros da ponta que, ao se encaixar a um pino existente ao final da bainha, se transforma em um eficiente cortador de arames, também copiado da explora. Quanto ao material da lâmina... algo mudou enfim. Eles passaram a utilizar aço cromo-molibdênio e tempera subzero, que a fábrica chama de “têmpera com gelofort”. Realmente melhorou muito mas ainda assim, a empresa nunca revela a duresa de suas lâminas, uma falta do fabricante em sí.
Mas a lâmina continuava a ser fixada atraves do parafuso/espiga...
A guarda, de aço, possui dois furos com rosca onde são acoplados dois pinos de aço e, juntos com uma outra peça existente ao final da empunhadura, transforma a faca em um gancho de rapel (eu não faria isso se fosse um usuário destas facas).
O cabo é praticamente o mesmo das commander I, mas a tampa (a bainha também) é uma cópia quase exata da faca Explora Survival, já comentada, o que melhora muito o projeto em sí.
O kit de sobrevivência não mudou, portanto...
A bainha é feita em poliuretano injetado com terminais em alumínio (nos primeiros modelos) ou aço carbono cromado. Possui um clip interno para que a faca não fique xacoalhando dentro da bainha mesmo quando não esta presa pela braçadeira de punho e mantem a faca firme o bastante mesmo para ser posta de cabeça para baixo e xacoalhada sem, contudo, soltar-se. Possui pedra de afiar colada na parte de tras (mas a qualidade destas caiu muito) e o referido cortador de arames na extremidade inferior. Deve-se dizer que esse equipamento corta realmente arames de grandes diâmetros e isso não se dá pelo fio da faca, mas pelas costas da lâmina que causa o cisalhamento quando de encontro à ponteira da bainha.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem].
Faca Commander II da Tramontina. Melhorias no projeto e materiais.Commander III.Cópia quase que exata das facas Explora Survival e, a não ser pela fixação da lâmina com o cabo (que ainda era feita do tal parafusamento da espiga), da tampa do cabo (que continua sendo feita de zamac) e da péssima gravação feita na lâmina, seria uma opção realmente excelente pois com a melhoria na qualidade do acabamento e do melhor material e processo de tênmpera usados, fariam dela com certeza uma grande companheira de aventuras para muitos e, até mesmo, uma colecionável.
Deixem me contar-lhe algo sobre o que comentei acima quanto a esforço sofrido no cabo.
A bastante tempo atras, eu nem tinha a minha Commander III ainda, um amigo meio esnobe de meu irmão prendeu a lâmina de uma destas facas em uma morsa de bancada e puchou-a até quebrá-la p-ara, segundo ele, testar a resistência, mas é necessário dizer que ela se partiu somente na furação da lâmina onde se encaixa ao cortador de arames e, mesmo assim, depois de muito esforço lateral, pois se fizer esforço cortando arames com ela ela aguenta o tranco. Esse amigo do meu irmão deu a faca quebrada a ele e ele, sabendo que eu queria fazer uma faca com cabo oco, me deu o cabo, cujo qual eu adicionei uma lâmina feita de mola e com tamanho muito maior do que a original, mantendo a fixação original da Tramontina através de um parafuso na espiga, só que também coloquei um pino elástico e cola epoxínica por dentro do conjunto (araldite 24 hs mesmo). Eu a uso para serviços extremamente pesados a muito tempo (já construi pontes, escadas, cortei até pequenos troncos para desobstruir leitos de rios, substitui a tampa por uma de inox e usei-a como martelo e, enfim, uma infinidade de atividades com ela) e ela está excepcionalmente firme ainda ao cabo. Não poderia uma empresa do porte da Tramontina ter estudado essa possibilidade e feito algo realmente de boa qualidade? Que valor isso acrescentaria ao preço do produto final? Centavos, talvez? Creio que qualquer um de nos pagaria essa diferença sem piscar pra ter uma faca realmente confiável.
Um grave problema ocorreu com a minha Commander III, como eu já mencionei em outro post sobre as facas Explora Survival. A gravação do transferidor que é feita na lateral esquerda da lâmina apagou. É isso mesmo. De tão mal feito e com tão pouca profundidade, o atrito com o clip interno que prende a lâmina o fez sumir. Uma lástima pois eu tenho o manual da faca original e ele ensina como se orientar em qualquer local do globo usando exatamente essa escala. Quanto à gravação da lâmina, já que se tem todo o aparelhamento para isso, seria somente aprofundar mais o trabalho para que tivesse uma vida mais prolongada. Recentemente enviei um e-mail ao SAC Tramontina para saber da possibilidade da regravação da lâmina e o que recebi em resposta foi: "É impossível regravar a lâmina" - Só, assim, curto e grosso.
Eu não sei se os empresários do ramo da cutelaria no Brasil são assim, lânguidos de espírito ou se simplesmente acham que seus clientes não merecem um pouco de capricho e honestidade ao fornecerem a eles algo que realmente dure o quanto se propõe a durar pois uma faca dita de sobrevivência deve aguentar mais maltratos que facas convencionais, haja vista que é um equipamento para emergência.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A faca Commander III. O mais técnico dos três projetos que a Tramontina fabricou.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima a foto promocional das facas de sobrevivência da Tramontina.Além da Paz Pazini e da Tramontina, nenhuma outra fabricante de lâminas criou ou fabricou nada que tenha chamado a atenção sobre o tema no Brasil.
O esquecimento.Depois de tantos cuteleiros realmente bons terem deixado a sua marca na fabricação de facas de sobrevivência de cabo oco, alguns realmente pisaram na bola. Robert Parish depois de ser questionado por uma revista especializada no assunto a respeito de uma faca sua que foi quebrada com pouquíssimo esforço lateral na lâmina se defendeu da seguinte forma: -“É impossível fabricar facas realmente boas e que não quebrem na base tendo apenas um pedaço tão pequeno de lâmina fixado ao cabo. Lâminas tem que ser full tang ou se quebrarão.” - Ess declaração de um artesão reconhecido como um dos grandes dos EUA jogou realmente um balde de água fria nos esforços de desenvolvimento de facas de cabo oco, no entanto AITOR as fabrica ainda hoje e dá garantia vitalícia aos compradores dos seus produtos e eu nunca vi em minha vida, um AITOR de punho oco quebrar-se ou soltar-se, mesmo depois de abusos como ficar em pé sobre o cabo com a lâmina enfiada entre troncos, pedras ou gaveteiros de cômodas. Se uma lâmina tiver que quebrar-se por esforço ali, naquele ponto, não é porque o sistema de fixação não presta, mas porque naquele ponto estava fragilizada ou por concentrar esforços, logo, se fosse uma full tang também quebraria ali. Como apreciadores de arco e flecha que somos, creio que a maioria de nos sabe que as lâminas (limbs) de arcos e bestas devem ser mais grossos no pé do que na ponta pois é ali que os esforços se concentram portanto, se tiverem que fraturar-se, é ali o ponto então, não venham me dizer que quebraram porque o projeto não funciona por causa do cabo que eu direi que isso é um absurdo.
O grande problema das facas de sobrevivência de baixa qualidade não é o rompimento, mas sim o sistema de fixação que se solta por não ser bem projetado ou devidamente executado.
Hoje a maioria dos praticantes de esporte ao ar livre quando perguntados a respeito, diz que isso é enganação, que é certo que estas facas o deixarão na mão no momento em que mais precisarem delas e por ai afora.
Simplesmente não é assim.
Tenha uma destas facas de boa procedência à mão quando estiver com o carro encalhado em uma região do norte do Brasil em uma temporada de chuvas e conte depois o que aconteceu. Deixe-a, no porta luvas do seu carro quando for pescar ou caçar e tenha que limpar um peixe ou uma caça, acender um fogo, construir um abrigo ou qualquer outra coisa corriqueira dentro de um acampamento. Você pode me dizer – Nada que um bom facão, um bom machado ou um serrote não façam melhor - mas perceba o volume e o peso diferencial que terão de carregar, porque eu tenho certeza que vocês sabem que em situações extremas, a logística é tudo.
As facas de Sobrevivência hoje.Alem da AITOR e BUCK não tenho notícias de outras empresas cuteleiras que fabricam esses modelos atualmente. Aliás, nem sei se a Buckmaster continua a ser fabricada mas a Jungle King e a Commando ainda são líderes de vendas da Aitor mostrando que o mercado para essas lâminas ainda é pugente..
Quanto às artezanais, o cuteleiro custom Cris Reeves ainda hoje as fabrica, porém, monobloco, ou seja, em uma única peça feita a partir de uma barra de aço sólida e é reconhecido mundialmente por seus trabalhos, embora eu não goste muito dos designs de suas paças.
No Brasil, cuteleiros custom torcem o bico para fabricar facas assim e pedem verdadeiras fortunas para que não seja compensador ao cliente.
Mudança de conceito.Hoje em dia as facas ditas de sobrevivência são aquelas que apenas possuem a lâmina se prolongando através do cabo (full tang) e, sequer possuem serra ou pedra para a afiação. Como já me manifestei antes, sou defensor do conceito purista dessas facas. Se me perguntarem novamente ( e mesmo que não perguntem), vou lhes dizer que facas de sobrevivência são somente aquelas que tem o cabo oco, serra no dorso, bússola na tampa e sistemas de afiação embutidos.
Porque facas de cabo oco?Hoje existem as facas KA-Bar tipo BK2 ou algo assim, as facas do Bear Grils, fabricadas pela Gerber e outras tantas que, perdõem-me pela cinceridade, são boas facas, mas não são facas de sobrevivência. A do Bear Grils ainda se aproxima mais pois tem um sistema de acendimento de fogo, sistema de afiação, apito, etc., mas são facas utilitárias para bushcraft, não para sobrevivência. E se estiver no mar em uma balsa salva-vidas, vai fazer o que com uma destas facas que sequer tem kits de pesca. Srs. a pesca de pequenos peixes é a fonte mais rápida e produtiva de se matar a fome mesmo em ambientes de selva. Só não servirão mesmo no deserto, mas ai, qual faca servirá?
Peguem um cidadão desesperado por comida e água e com as mãos trêmulas e tente fazê-lo construir armadilhas com uma BK2 que não tem nem um tipo de cordas ou linhas.
Ou ponha uma Gerber/Bear Grils para derrubar toras de madeira para a confecção de uma jangada.
A resposta é uma só.
Vai sofrer.
Bater na lâmina com um porrete pode dar certo mas o aço temperado é algo peculiar, se fizer uma lâmina com baixa dureza, irá perder o fio rapidamente e se a fizer em um aço muito duro, não poderá receber golpes que se fraturará, a menos que sejam muito grossas, dai o conceito das serras no dorso das lâminas de sobrevivência, para evitar esse tipo de coisa.
Um especialista consegue fazer tudo o que quiser com uma lâmina simples e sem acessórios, mas uma pessoa comum precisa de tanta ajuda quanto puder encontrar e isso tem que ser portátil e leve pra não esgotar em demazia o sobrevivênte. A confecção de cordas de materiais naturais para abrigos e armadilhas é algo extremamente técnico e demorado, confeccionar anzóis com materiais da natureza é igualmente frustrante, tanto quanto menor for o tamanho dos peixes que estiverem à disposição, acender fogo sem qualquer sistema moderno (notadamente na Amazônia onde o índice pluviométrico é altíssimo e tudo ou está molhado, mofado ou podre) pode ser uma tarefa inpossível. Lembro que mesmo Bear Grils com um sistema de pederneira quando foi para a Amazônia não conseguiu fazer fogo por causa da umidade. Confeccionar armadilhas, se você estiver em movimento é muito demorado e carece de muito conhecimento em técnicas de rastreio para descobrir as rotas de animais portanto, algum sistema de caça de aves ou pequenos roedores que serão encontrados ocasionalmente pode ser de grande utilidade, além de kits de pesca e cordas de nylon de boa resistência para a confecção de um arco ou coisa que o valha.
Os homens do paleolítico conseguiram sobreviver construindo facas de pedra lascada, cordas de materiais naturais, arcos e flechas rudimentares mas quem disse que era fácil pra eles pra executarem suas tarefas e nessa época havia uma maior abundância de caça e pesca, além de reunirem-se em bandos para conseguir realizar as suas tarefas.
Quem assistiu ao filme “Apocalipto” dirigido por Mel Gibson viu logo no início deste uma cena de caça dos índios pré colombianos e sabe o que eu digo.
Em um momento de extremo estresse, você não quer ter que ir apanhar um kit de primeiros socorros, outro de pesca, outro de caça, outro de costura e outro de... Você quer apanhar aquele equipamento que reune todas estas funções e até algumas mais pois creio que se tiver que nadar para escapar de algum naufrágio (quem já viveu na região amazônica sabe o que pode acontecer nas imensas vias fluviais existentes) não quer ter que carregar uma mochila nas costas até a margem ou mesmo mata adentro. Mas terá que acender uma fogueira para aquecer-se até a chegada de um resgate, pescar alguns peixes para se manter e talvês manter outros sobrevivêntes, confeccionar algum abrigo para isolá-lo das chuvas frequentes e, talvês até, confeccionar uma jangada para seguir viagem caso o isolamento seja muito grande e a sua ausência não seja sentida ou não se saiba o seu paradeiro, haja vista que com as chuvas em algumas temporadas, todo o mapeamento hidrográfico da região muda sendo impossível conhecer todas as rotas e dificultando imensamente trabalhos de localização nesta área.
Contar com essas pequenas traquitanas que podem ser carregadas no cabo ou na bainha de uma faca é ser precavido e não esperar que a sorte lhe seja favorával a vida toda. Como já bem dizia a minha finada avó: “Um homem prevenido vale por dois”. Ai eu digo que “Uma boa faca de sobrevivência vale por dez”.
Bom, além da minha porção de conhecimento sobre o tema, eis também as minhas considerações. Não espero que concordem comigo em todas as minhas idéias, mas sim que tenham gostado da leitura, possam aproveitar algo dela e, colocar aqui as suas opiniões para debatermos livremente e aprendermos uns com os outros pois novas formas de pensar são sempre bem vindas e sempre se tira algo de bom tanto do velho quanto do novo pra quem quer e tem humildade de aceitar.
Caso alguém tenha fotos de modelos de facas do gênero e quiser postá-las para o nosso deleite ou, ainda, se algum cuteleiro frequentador do fórum tiver fabricado alguma faca hollow handle e queira nos brindar com fotos de suas criações, fique a vontade, só gostaria de pedir que coloquem exclusivamente fotos de facas hollow handle para não desvirtuar o tema.
Um grande abraço a todos.