Vou falar de uma faca que tem sido largamente copiada pela sociedade moderna mas que, segue sendo inimitável. Trata-se da estupenda faca “Jungle King I”.
Podemos, por assim dizer que não é somente uma faca, mas um equipamento completo de auxílio à sobrevivência, não só na selva mas, também em outros tipos de ambiente inóspitos do planeta.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Diversos modelos de JK I – A primeira e a segunda são da primeira série de facas que são caracterizadas pela serra dupla trançada e triangular e as duas outras com serra dupla cruzada mas de base arredondada.
HISTORIA:
Para falar desta faca, teremos que remontarmos ao princípio dos anos 80, quando a empresa basca “Cuchillería del Norte”, “Aitor”, dos irmãos Izaguirre criou a faca “Jungla 464” – Antes, já haviam fabricado a sua irmã menor Jungla 463 (vista neste raro xerox de foto) que veio a se tornar a atual “Jungle king II”.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Podemos distinguir entre os itens: Borracha com malha para a atiradeira, anzóis com linha, bússola, curativos adesivos, agulha e linha para costura, fósforos, comprimidos, cordel e, algo que parece uma lupa próximo à ponta da lâmina. Observem que em baixo da faca existe o projeto da faca já na sua forma definitiva, com bainha de policarbonato e fibra de vidro, inclusive com a forquilha rebativel para a atiradeira, porém sem corda enrolada na bainha, realmente como nos primeiros modelos de faca desta categoria.
A baixo vemos o Xerox de foto da jungla 464 e os acessórios que acompanhavam o protótipo da JK I. Nesta xerox, chamo a atenção para os dentes de serra que são voltados para tras, e não como outras fotos que foram divulgadas onde eles são voltados no sentido contrário.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Os itens são:1 Bainha em couro negra; 2 Serra cruzada com os dentes voltados para traz; 3 Ponta da lâmina em formato “Soft point”; 4 Cabo em Peralumal (uma liga de
alumínio desenvolvida pela própria empresa); 5 Tampa em aço inoxidável 304; 6 Forquilha para atiradeira na tampa; 7 Passador para fiel; 8 Borracha com malha para atiradeira; 9 Corda em fibra Kevlar para a confecção de arcos ou armadilhas (notem que a corda já vem com o serving para encaixe em pontas de arcos); 10 Curativos; 11 Pequeno frasco de acrílico para a guarda de comprimidos; 12 Fósforos; 13 Arpão desmontável; 14 Frasco de acrílico para a guarda de kit de pesca (Pequenos anzóis, algumas chumbadas, linha e até uma pequena mosca artificial); 15 Cabo de aço prensado a um anzol para
pesca de predadores de dentes mais afiados ou para armadilhar aves; 16 Acendedor de magnésio; 17 Pedra para amolar; 18 Kit de costura (agulhas e linhas); 19 Bússola; 20 Balissong (que foi substituído, sabiamente, por uma skiner de múltiplas funções, mais leve e eficiente).
A seguir, uma comparação da JK I com a sua “irmã mais velha”. Note que nos primeiros projetos os dentes de serra da JK I eram voltados para traz, o que foi mudado depois, mas no protótipo – Jungla 464- nesta foto, os tinha voltado para a frente. Provavelmente o modelo de dentes voltados para a frente possa ter sido comprovado nos testes como de melhor eficiência ou, talvez, estando voltados para o cabo, possa, de alguma forma danificar a bainha no momento do saque.
O interessante é que no modelo jungla 463 e JKII, eles nunca deixaram de ser voltados para trás e isso nunca prejudicou em nada o modelo.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Lado a lado, protótipo e projeto final. Se ambas fossem fabricadas, seriam ambas sucesso de vendas. Opções para gostos diferentes ou para quem quer colecionar.
A lâmina do modelo Jungla 464 tinha como característica uma ponta soft point e um fio muito mais largo, permitindo, assim, um corte mais eficiente, porém, com menor resistência a choques. Outra atitude acertada da fábrica, uma vês que, sendo esta faca na realidade um conjunto de auxílio à sobrevivência e, possuindo uma skiner para serviços mais precisos e que exijam maior capacidade de corte, fica, então, a faca adequada aos serviços mais pesados (mas ainda não tirei da cabeça que a fábrica poderia fabricar os dois modelos para gostos diferentes).
O cabo, confeccionado em peralumal, era rosqueado a uma base de aço inox e fixado por intermédio de um pino elástico e travamento químico. Este cabo, embora muito resistente, como já ficou comprovado nas facas JK II e Commando, não tem a mesma resistência do que as do modelo JK I, que são fabricados a partir de um tubo de aço 304 (anti magnético) com costura e, soldados à guarda por um processo TIG (Tungsténio Inert Gas).
A guarda dos dois modelos são iguais, sendo de aço injetado sob pressão. Ambos os modelos tem o mesmo sistema de indexação da guarda à lâmina, sendo encaixadas com a guarda aquecida para expansão e depois inseridas sob pressão para que quando esta esfrie, venha a prender a lâmina de forma definitiva. Depois de tudo isso, o conjunto sofre a injeção de uma resina de base epoxínica que ira garantir vedação e total garantia de ausência de oxidação e, por último, mas não menos importante, um pino elástico é transpassado entre guarda e lâmina para que o conjunto não se mova, o que geraria atrito e desgaste. Tenho que mencionar que por mais atrito e desgaste que uma pessoa possa fazer existir nesse conjunto, nem mesmo em uma vida seria capaz de rompê-la por esse motivo pois a guarda é feita de tal forma que vai abrindo-se muito sutilmente ao longo do último quinto da fixação para garantir a livre flexão da lâmina, além de proporcionar uma base absolutamente estável. Por dentro do cabo não nota-se absolutamente nada pois o acabamento é impecável.
A tampa do cabo era bem diferente da de hoje, era plana, provavelmente sendo projetada para servir de martelo na construção de armadilhas, abrigos ou quebrar castanhas e nozes.
A bainha deste protótipo era feita de bom couro e não possuía sequer pedra de amolar, ficando, assim, os itens de sobrevivência restritos ao cabo. Esta bainha também apresenta o tradicional prendedor de cabo em couro e com botão de pressão mas este fica mais para a ponta do cabo do que nas proximidades da guarda como na série JK I, que certamente é pensada para facilitar o porte do modelo definitivo no arreio de segurança de soldados em operações.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Eis o modelo Jungla $¨$ em uma boa foto mostrando toda a sua belesa e imponência (ou alguem tem dúvidas que mesmo o protótipo ainda é um grande projeto)
Também faz falta, neste modelo, uma corda como no modelo JK I para facilitar a construção de armadilhas, etc, aja visto que a confecção destas com elementos da natureza além de mais difícil, demorado, deixa muito a desejar.
Confesso que desde muito tempo atrás, quando vi esta foto em um compêndio sobre armas de fogo que tenho lá, dos longínquos anos 80, na verdade uma tradução de uma obra espanhola muito bem feita, tenho uma verdadeira paixão por este modelo de faca pois, a possibilidade de ter o fio mais largo e, com isso, uma afiação mais acurada, é muito desejada quando se vai abrir uma picada ou cortar vegetais de casca resistente mas flexíveis como galhos verdes e cipó (notadamente os que tem água no interior). Esse fator garante que se possa decepar cipós mais grossos (e mais cheios de água) com um único golpe, pois estas plantas tem a características de perderem líquido rápidamente depois que recebem um golpe, pois este escoa com a entrada de ar no caule. Ainda, pra quem já abriu picadas em meio às matas brasileiras, a característica de um fio mais agudo é sempre bem vinda. Penso muito em mandar algum cuteleiro confeccionar uma destas facas pra mim e até já fiz o desenho, com base nesta foto e nas medidas da minha JK I. Apenas mudaria o lado dos dentes, fazendo-os voltados para traz.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima vemos a descrição do termo de solicitação de patente para os dois protótipos das facas de sobrevivência Jungla 463 e 464 que, depois, passaram a chamar-se Jungle King I e II com modificações substanciais.
Emfim, surje o rei.
Foi em 1985 que a Aitor, recebendo a colaboração e desenho de Luiz Pérez de Leon, então diretor da revista especializada “ARMAS”, construiu, testou e comercializou o que agora conhecemos como Jungle King I.
A baixo, podemos ver a capa da referida revista especializada sob o título -Sobreviva em “El dia después” com Jungle King I (sobreviva ao dia seguinte, fazendo alusão a um filme famoso dos anos 80 chamado "O Dia Seguinte", em que ocorre uma guerra nuclear e mostra a luta dos sobreviventes para obterem alimento e água potável) - na qual, além de uma reportagem de apresentação ao público, ainda relatou sobre toda a sorte de testes de resistência e utilização aos quais esta faca foi submetida sendo que, em todos eles, o resultado foi mais que satisfatório. A repercussão de tal matéria foi tão rápida que apenas 5 dias depois da publicação, a fábrica não tinha mais nem uma unidade em estoque e já tinha encomendas para mais 6 meses de fabricação ininterruptos. Tal fama embaçou o brilho de uma outra faca, também espanhola, a Esplora Survival da Marto (Manufatura de artes e Ofícios de Toledo) que, até então, detinha o glorioso título de artefato de cutelaria industrial mais desejado do mundo e elevaram a JK I ao título que jamais perdeu, aja visto que esta faca é a mais vendida faca de sobrevivência de todo o mundo, apesar de seu valor venal não ser nada popular mas as características que reúne são, sem dúvida, motivo mais do que suficiente para tal façanha.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Foto da capa da revista armas n° 32 de 1985.
DESCRIÇÃO:
Lâmina: Com medidas de 225 x 38 x 5 mm em uma liga de aço inoxidável que possui 0,62% de carbono, 12% de Cromo (Para endurecimento e inoxidação); Embora não seja revelado os percentuais (certamente para manter uma aura de segredos sobre a composição de suas lâminas), é adicionado à liga do aço, Molibdênio (Para dar excepcional resistência à ruptura) e Vanádio (Para dar resistência à abrasão e fricção, mesmo contra superfícies duras como areia, para o caso de ser utilizada para escavar o solo para a instalação de estacas), é tratada em temperaturas entre 1000 e 1200 °C e controlada (revenimento/ apassivação) para adquirir dureza final de 56/57 HRc. O acabamento fosco é adquirido por um processo de jateamento MIV (micro esferas de Vidro) para tornar-se não reflexiva – Já uma característica que visava fins militares e, inovadora pois foi a primeira faca a utilizar este processo que é tão comum nos dias de hoje. A serra de dentes cruzados possui 105mm de comprimento é mais do que suficiente para serrar um toro de madeira de aproximadamente 20cm de diâmetro – Mais do que o necessário para qualquer finalidade de sobrevivência (abrigos, armadilhas, jangadas, etc.).
Cabo: O cabo e o pomo em aço inoxidável 18/8 de uma liga de Cr / Ni martensítico e anti-magnético com uma capacidade interior de 5 cm³. Na sua parte externa, o cabo possui 5 anéis em alto relevo e recartilhado para ajudar a firmeza da mão para trabalhos diversos, embora para a tarefa de golpear a faca em madeira, por exemplo, esse recartilhado atrapalhe um pouco, podendo até causar, eventualmente, algumas bolhas (o que pode ser amenizado utilizando o cordel de pomo na guarda e passando o laço pela mão para que esta não escorregue). O pomo possui uma bússola de elemento líquido e com os pontos cardeais pintadas em tinta fosforescente para ser lida durante a noite sem o auxílio de iluminação artificial. A precisão desta bússola é de aproximadamente 5°, sendo que ela não vem com declinação para nenhuma região do globo, haja vista que a faca é vendida no mundo todo. Este mesmo pomo é furado no sentido transversal para a passagem de um cordão fiel para evitar que a faca caia da mão do portador. Dentro do cabo, existe uma cápsula de acrílico transparente para a guarda dos pequenos itens de sobrevivência. Esta cápsula possui dois compartimentos, um deles, menor, que serve para a guarda de comprimidos de hipoclorito ou cloro ou, ainda, algum medicamento que o portador queira adicionar. No maior compartimento é que estão os itens de sobrevivência propriamente ditos, que são: um kit de pesca com três anzóis do tipo patinha com aproximadamente três metros de linha 0,25 em cada um três pequenos chumbos de pesca; um kit de costura com duas agulhas e alguns metros de linha para costurar; dois alfinetes de fraldas; três curativos adesivos; uma lâmina de bisturi; uma pinça; um pequeno lápis e 1,5 m de cordel de nylon de aproximadamente 1,5mm de diâmetro.
Bainha: Rígida, feita de policarbonato reforçada com fibra de vidro na cor verde com passadores que dispensam a abertura do cinturão para ser colocada, utiliza-se do mesmo sistema para o prendedor da faca à bainha. Possui, ainda, um cordel de aproximadamente 3,5mm de diâmetro e 1,5m de comprimento, na sua parte inferior cujo qual tem, em suas extremidades um sistema de prendedores rápidos que a prendem de forma ágil e segura à perna do portador. Este sistema permite uma fácil regulagem para qualquer tamanho de usuário, bastando para isso, que o mesmo puxe as pontas do cordel depois de encaixado o prendedor em volta da perna. Na sua parte de traz, esta bainha tem inserida uma pedra para amolação que fica encoberta por 8m de uma corda de nylon de 3,5mm de diâmetro que tem resistência para suportar aproximadamente 75kg; na sua porção inferior, possui uma forquilha rebatível de aço para montagem de uma atiradeira. Na sua parte interna, esta bainha possui uma “gaveta” feita do mesmo material e que alem de abrigar outros itens, ainda possui gravações se sinais corporais e de símbolos que irão ajudar o sobrevivente em situações de emergência.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Os itens que vem na gaveta são: borracha de látex com malha para a construção de uma atiradeira (utilizando a já mencionada forquilha existente na parte inferior externa) e, para a utilização como torniquete; um pequeno frasco para a guarda de fármacos de preferência
pessoal; um acendedor de pederneira e magnésio; um espelho sinalizador; gravações dos principais símbolos mais usuais do “Manual de Sobrevivência das Forças Armadas Norte Americanas”; gravações de uma régua de mm e uma em pol.; uma pequena e anatômica faca “SKINNER JK I” de 180 x 2,5mm de cabo anatômico e esqueletonizado com funções de abridor de latas e garrafas, chave de fendas e chave de grilhetes e, na sua porção superior, um esvicerador que ajuda muito para abrir a barriga de animais abatidos sem cortar as víceras, além de tornar-se um eficiente arpão (para quem tiver coragem de arriscar quebrá-lo nessa empreitada.
Todo oequipamento forma um lindo conjunto com 39cm de comprimento e 950g.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Este é o modelo inicial de fabricação da JK I, depois surgiram outros, por questões de solicitações especiais ou para atender nichos exclusivos de mercado
Modelo Versátil.
Embora seja o modelo todo inox fosco o primeiro e mais conhecido modelo, existiam varias outras versões, como a toda preta (banhada em cromo negro), a de lâmina negra com cabo camuflado, a com tampa sextavada, que faziam conjunto com bainhas de couro e não com bainhas rígidas.
Já no fim dos anos 90, a fábrica mudou uma das características que mais me agradavam destas facas, a serra. O modelo anterior tinha uma serra de dentes triangulares e cruzados muito eficientes. Tal eficiência era devido ao fato que a lâmina tinha um desbaste em ângulo de aproximadamente 1° a partir da serra, o que garante que a serra seja sempre mais larga que o meio da lâmina, fazendo assim com que esta não se trave ao serrar madeiras verdes. A serra passou a ter dentes cruzados, mas de base arredondada. Embora este tipo de serra não seja menos eficiente que a triangular e particularmente acho que é até mais macia para serrar madeiras mais duras, porém, a fábrica deixou de desbastar a lâmina, o que faz com que dê, bastante trabalho para serrar madeiras verdes. Com certeza, já convalescente, a AITOR necessitava reduzir custos e isso representava uma operação a mais na fabricação.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima vemos algumas das versões da JK I, com serra triangular e com serra arredondada. Uma delas é a minha favorita. Trata-se da preta com cabo camuflado em tons de verde pois a de tons verde/marrom em minha opinião é a versão de mais mau gosto de toda a linha e parece ter sido pintada a dedo.
Existiu também, um modelo, o de tampa sextavada em que a forquilha para o estilingue era encaixada nesta. Este modelo tinha a bainha de couro e a tradicional “gaveta” era inserida em um compartimento feito do mesmo material, e a forquilha era encaixada atrás desta. Porque não, fazer a forquilha inteiriça e guardada no mesmo lugar?
Bainhas
Quanto às bainhas, existiram, pelo menos, três tipos de bainhas de couro, além da tradicional rígida. Uma que tinha um grande bolso frontal para a guarda da “gaveta” com todos os acessórios, nesta, a (meia) forquilha era anexada na parte de trás, outra, com um bolso mais estreito e que cabia somente a skiner. Ambas estas bainhas eram de bom couro incolor. Existiu também uma outra bainha, esta muito mais rara que era de couro negro com bolso amplo e todos os acessórios inclusos. Em todos esses modelos de bainha de couro, duas coisas eram omitidas, a corda que é enrolada na parte externa das bainhas rígidas e a pedra de amolar que é colada na parte traseira das mesmas. Sem dúvida, dois itens de muita valia pra quem ira se aventurar a construir abrigos, armadilhas e outras das necessidades humanas, porém, nada que não dê para ser improvisado com materiais da natureza, mas sempre fica-se um pouco aquém das necessidades, além de demandar mais tempo na confecção.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]As bainhas conhecidas das facas JK I.
Embalagens
As caixas da JK I também foram recebendo “mutações” para diminuição de custos ao longo do tempo. Nas primeiras, a impressão era com uma tinta de acabamento especial e com o nome Jungle King I em alto relevo, depois passou-se a uma impressão comum e que se destinava aos dois modelos, JK I e II, depois era genérico a todas as facas AITOR e, por último, sequer tinham marcas ou impressões que denunciassem o nome do fabricante.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Da esquerda para a direita, a primeira caixa comercializada no início da produção das facas, nos anos 80; a segunda, já comercializadas nos anos 90 e, depois, anos 2000 e após 2005. Notável perda de qualidade.
Nas caixas iniciais, havia uma plataforma de isopor injetado com o espaço para a faça encaixar-se, no modelo de caixa subseqüente, nos anos 90 esta plataforma era de menor tamanho e, a partir do ano 2000 ela vinha solta dentro das caixas de papelão.
Informações de uso.
Nos primeiros modelos, havia um compartimento atrás de onde a faca era inserida em que vinha encaixado um pequeno panfleto com ilustrações e explicações de como utilizar coerentemente os recursos dos acessórios. Nos modelos subseqüentes, reduziu-se para apenas uma gravação na parte de trás da caixa e, por fim, nem gravuras.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Folheto que acompanhava os primeiros modelos de caixas nos idos 1985.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Na seqüência, o fundo das caixas dos anos 90 e 2000. De 2005 para a frente sequer o logotipo da fabrica era impresso
Alguns materiais, como o acendedor de magnésio/pederneira requerem instruções para serem utilizados corretamente pois são alheios a muitos portadores de JK I, mesmo alguns "expert’s" em sobrevivência que ainda insistiriam em fazer fogo com atrito de gravetos ou pedras, mesmo tendo uma destas à cinta.
Reposição.
Alem das mencionadas facas, a AITOR comercializa também acessórios avulsos para reposição, tais como garrote para a atiradeira, acendedor de magnésio, corda para a bainha e até mesmo o tubo do interior do cabo completo, com todos os acessórios dentro do mesmo. Uma pena que não apareça nessas possibilidades, o prendedor de perna que acompanha a faca pois é um elemento que fica para fora na bainha e, desde que não esteja preso à perna, é muito fácil de perder-se. O da minha foi perdido enquanto abria uma picade mata adentro à base de facadas e agachamentos pra me desvencilhar de uma cipoeira. Já fazem três meses e ainda planejo voltar ao local para procurá-lo pois se precisar substituí-lo é praticamente impossível.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima os pack's com acessórios de reposição.
Customização.
Ainda, para quem curte customização, há a possibilidade de remanejamento de alguns itens de dentro da cápsula de sobrevivência e a instalação de outros de preferência pessoal pois entende-se que is itens que acompanham a faca são genéricos e que cada usuário tem necessidades específicas e, também, para cada região do globo existem carências diferentes. Pode se levar repelente dentro do frasco para remédios na bainha caso se freqüente ambientes com muitos insetos, ou anticéticos para locais onde hajam muitos espinhos ou, ainda, hipoclorito líquido para locais onde a obtenção de água potável é difícil. O kit de acendimento de fogo é indispensável para qualquer situação, mas suponhamos que se esteja em locais de ventos extremos onde seja impossível acender fogo utilizando o sistema de magnésio e pederneira, então, levar alguns fósforos especiais anti-umidade e próprios para serem acesos mesmo sob ventos fortes é indispensável. Arames ou cabos de aço finos para a confecção de armadilhas talvez seja mais indicado do que a borracha de atiradeira em locais de difícil localização de pedras. Cada região e usuário pode definir o que mais lhe fará falta em uma situação extrema de sobrevivência. Outras coisas podem ser encaixadas sem prejuízos ou, sem ter que abrir mão de algumas que já estão lá. Pode-se inserir um pequeno farolete a led de baterias chatas entre a malha da atiradeira e a parede da gaveta, o cordel de dentro da cápsula pode ser enrolado e colocado entre o tubo para anti-sépticos e a borracha da atiradeira, sobrando espaço na cápsula para mais anzóis ou mais linha de pesca, ou, ainda, para fósforos especiais.
Militaria.
Devemos salientar que a AITOR também fabricava facas JK I a pedidos especiais de forças armadas de paises diversos, isto inclui o nosso Brasil. Os oficiais do CIGS (Centro Intensivo de Guerra na Selva) da nossa Amazônia portam facas JK I negras com cabo camuflado em tons de verde e, com o brasão das nossas forças armadas gravado a ácido em uma das suas laterais.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A faca acima tem o brasão das forças armadas da Espanha. Este modelo (cabo camuflado em tons de verde e lâmina preta) é o meu preferido e a anos procuro uma para comprar e a única vês que vi uma no ML, com o brasão das nossas forças armadas, estava sem dinheiro para comprá-la, pus à venda um monte de coisas mas não deu tempo. Existe uma no ML da Argentina mas não tenho a menor idéia de como consegui-la. Se alguem souber, estou pronto para ouvir.
Apesar de não haver sido uma faca de dotação militar regular, algumas unidades das forças especiais compraram grandes lotes desta faca para uso em operações de selva, bem como, de outro modelo, a “Cuchilo de Monte” ou “Cuchilo de Montanero” (hoje vendida com algumas alterações sob o nome de “Osso Blanco”, para a versão em inox de cor natural e “Osso Negro, para a versão em inox revestido com cromo negro) para operações mais urbanas., A Commando, tanto na versão inox quanto na versão banhada em cromo negro, e, até mesmo a JK II em todas as suas versões. Algumas destas facas foram colocadas à venda com o emblema das forças armadas para incentivar a compra privada, tal qual outros modelos de facas da AITOR, o que, sem dúvida, transfere ao equipamento uma certa aura de ação e aventura.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Acima, soldado da legião estrangeira da França porta uma JK I toda negra.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Aqui, comandos espanhóis em treinamento. O soldado à esquerda porta uma JK I tida inox.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Comandos espanhois postados com uma metralhadore CETME. O soldado em primeiro plano porta um JK I todo inox.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Nesta foto podemos ver um outro conjunto especial solicitado pelas tropas especiais de comandos (boinas vermelhas) da Espanha. Outra reridade, uma bucanero toda negra ao lado da JKI.
Além das forças armadas espanholas, outras forças armadas do mundo todo fazem ou fizeram pedidos especiais de facas AITOR JK I, tais como a LEF (Legião Estrangeira da França) – França; oficiais do ER (Exercito Regulamentar) - Colômbia; CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva) e BFOR (Batalhão de Forças Especiais) – Brasil; SPETSNASS – Rússia; SAS – Inglaterra; COMAF (Comandos do Afeganistão) - Afeganistão e algumas outras forças armadas de paises do oriente médio e Ásia. Algumas unidades de pelotões especiais tem pedidos de pequenos lotes para equipar grupos de comandos.
Literatura
Também é possível observar a faca Jungle King I descrita, citada ou comentada em diversos compêndios literários. Livros, revistas e outros tipos de obra que tratam de armas brancas ou de fogo já mencionaram esta faca e a sua importância na cutelaria de primeira linha.
A foto ao lado faz referência aos modelos JK I E JK II, além de outras peças de cutelaria da AITOR como o canivete de múltiplas lâminas ao lado.
Abaixo vemos duas das mais afamadas obras a respeito de sobrevivência já publicadas na Espanha, ambas possuem fotos das facas JK 1 em suas capas e fazem grandes referências a ela em seus textos.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Estampa de livro onde mostra não somente as facas da série JKI, mas também outros itens de cutelaria da AITOR que é um dos símbolos da indústria espanhola.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]A enciclopédia da sobrevivência mostra a faca de sobrevivência JKI na capa.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Livro de treinamento de técnicas de sobrevivência.
Estes manuais são muito reputados entre os conhecedores de sobrevivência, militares e aventureiros não somente da Espanha, mas também de outros paises de língua hispânica e até mesmo de língua inglesa. Quando um equipamento é mencionado desta forma, deve ser considerado como de qualidade excepcional.
A revista Magnum, brasileira, em seu N° de estréia fez um artigo muitíssimo extenso e bem esclarecedor sobre a faca em questão.
Abaixo algumas facas de sobrevivência AITOR eleitas pelo público amante de armas brancas como entre as melhores facas comerciais do mundo para esta função.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]De cima pra baixo: JK I, Bucanero, Commando e JK II. Todas são excelentes escolhas para o fim a que se destinam.
Conceito de qualidade.
Fabricadas em uma composição de aço com cromo, molibdênio e vanádio, são preparadas e testadas uma a uma e com extremo rigor, com processo de fabricação garantido pelas normas ISSO e fiscalizados pela empresa internacional de auditoria BVQI. O teste de dureza fica estampado na lateral da lâmina por um pequenino furo e pela gravação a ácido de um símbolo envolvendo este furo com a inscrição “CONTROL HRC°”.
Para quem quer conferir a qualidade das facas AITOR, sugiro que veja os links abaixo.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]Tamanho.
Para quem acha a JK I muito grande, basta fazer uma breve comparação com as demais facas famosas para esta finalidade e verificar que isso não é bem verdade.
Entre em uma mata fechada como as tropicais e veja como fará falta uma boa e grande faca de sobrevivência. Tente trabalhar madeira com facas finas ou de tamanho reduzido e veja o que é ficar com um cabo sem lâmina nas mãos transformando uma situação ruim em uma situação ainda pior.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]As cópias chinesas.
Como nas facas “Marto Brewer – Explora Survival”, é comum que um objeto tão apreciado pelos amantes e colecionadores do mundo todo tenha as suas versões chinesas e sabe-se lá Deus de onde mais.
Existem e inundam o mercado brasileiro também um sem número de cópias baratas desta faca mas advirto, são inúteis.
Existe um modelo dessas cópias chinesas chamada “Platoom”, fabricado em Taywan e distribuído no Brasil pela Náutica. Nada contra a marca de representações brasileira, mas acho que eles deviam ter mais critérios na escolha do material que leva o nome deles pois este produto a que estamos tratando é realmente de muito má qualidade e, a meu ver, não serve para tarefa nenhuma no campo
Vamos aos motivos que me levam a falar tão rigorosamente.
Somente de empunhar uma destas cópias e chacoalhá-las como se estivesse golpeando algo a ser cortados, pode-se constatar que a lâmina apresenta folga e um lique-leque bem incômodo, pois o “parafuso” que prende a lâmina ao cabo não o faz de forma correta (e nem é apropriado para isso).
Observando o equipamento já pode se notar que este não tem o famoso prendedor de perna de encaixar.
Ao abrir a gaveta da bainha, nota-se ainda que está é de péssima qualidade, toda deformada pois além do material ser de baixa qualidade, é retirada da forma sem o devido tempo de resfriamento, o que é causa de deformação.
Surpresa maior se deve ao fato de perceber que no lugar da barra de magnésio/pederneira para acendimento de fogo, havia uma barra de... Pasmem... plástico.
Ao abrir o cabo, o infeliz comprador irá deparar-se com o horror, bússola não funciona e, mesmo trocando este horrendo instrumento outra de qualidade, ainda assim ela não funciona, pois a tampa do cabo é feita de material magnético, o que impossibilita a utilização de qualquer bússola.
Não tem a tradicional cápsula de sobrevivência sendo os itens armazenados em um saco plástico.
O kit de sobrevivência é, no mínimo, ridículo e não merece, sequer, ser comentado.
A serra não serra. Exatamente isso. A serra tem a parte superior quadrada e desliza sobre a madeira sem cortar absolutamente nada.
Ao testar a lâmina na região do corte percebe-se que o material empregado par a confecção dessa não é de tão baixa qualidade assim, ficando apenas as operações de recorte e desbaste aquém do que poderia ter sido feito pois, embora nas fotos ela apareça com estas operações feitas ao esmero, na realidade, o que se vê nas lojas é completamente diferente disso.
Ao soltar o parafuso que prende a lâmina ao cabo, descobre-se que a lâmina para se moldar à parte interna do cabo é calçada com uma tira de lixa (é isso mesmo, uma tira de lixa).
A corda que vem enrolada na bainha é de péssima qualidade.
A forquilha não encaixa-se perfeitamente na bainha.
A borracha que acompanha o conjunto é imprestável.
Não vem o frasco para fármacos.
Enfim, para esta faca prestar, somente substituindo a faca inteira por uma JK I de verdade.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Notem que a apresentação visual do conjunto é bastante atraente, mas como diz um antigo ditado polonês, “Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento”.
Finalizando.
Pra finalizar e, para aqueles que entram no modismo atual, gostaria de deixar um esclarecimento.
A primeira faca dita “de sobrevivência” surgiu na década de 70 através do projeto de um médico dos marines norte americanos que queria uma faca com serra no dorso (para serrar partes de aeronaves, normalmente de alumínio) em socorro de aeronautas e um cabo oco (onde pudesse guardar suturas e anti-sépticos), a um cuteleiro norte americano chamado Jimy Lile que a patenteou logo depois e, na minha modesta opinião, não poderia ser mais feliz ao designar este nome. Portanto, o termo “faca de sobrevivência” está associado a estas duas características (serra no dorso da lâmina e cabo oco) e, fico pasmado em ouvir dizer que tem uma faca de sobrevivência somente por essa faca ser full tang (a lâmina se prolonga até o fim do cabo pois se este quebrar, é só amarrar uma corda no prolongamento da lâmina que se terá uma faca na mão novamente). Digamos que eu seja um sushi-man e que para filetar peixes eu use um facão e diga que está é minha faca de filetar. Ora, esta é a “minha faca de filetar” porque eu não tenho outra, mas ele na realidade não é uma faca de filetar, existe um outro equipamento com características específicas e realmente projetado para esta finalidade que, ai sim, receberá o nome adequadamente.
O atual modismo de apanhar uma faca como um kucri, por exemplo ou uma SRK da Cold Steel, ou, ainda, as Gerber BMF, LMF ou seja lá que sigla tenham, e dizer que isso é uma faca de sobrevivência, isso é, no mínimo grotesco. São facas, sem sombra de dúvida excepcionais, mas não são de sobrevivência. São, no máximo, uma faca de utilidades.
Gosto das facas de sobrevivência puristas, ou seja, Hollow handle (punho oco) e serra no dorso.
Gosto muito de pescar, acampar e outros esportes out door e, principalmente agora, morando onde moro (MS), tenho absoluto conhecimento da falta que fará um sistema de acendimento de fogo, uma serra, fósforos especiais, anzóis e outras “coisinhas” (como alguns possam pensar), que possam ser transportadas dentro do cabo oco ou na bainha de uma boa faca, caso esteja perdido em meio a uma mata fechada e vendo a noite cair. Conheço de perto a floresta amazônica e sei que mesmo pessoas experientes vivem cometendo o erro de ir “logo ali” e não voltarem mais (as veses nunca mais), sendo encontradas dias depois subnutridas e doentes por picadas de insetos, arranhões não tratados, água ingerida sem a necessária purificação e por ai afora. Posso falar com muita propriedade e, mais que isso, com a responsabilidade que o assunto exige. Portanto, afirmo categoricamente que uma boa faca de cabo oco com mais alguns acessórios pode salvar e prolongar em muito a vida de caçadores, pescadores e campistas.
Mais que isso, somente lendo bons livros a respeito do assunto, fazendo cursos e praticando sempre que possível em locais conhecidos e de fácil acesso para fixar e não esquecer as lições e, sobretudo, manter a clama diante de uma adversidade destas.
Bom pessoal. isso não é tudo.
Um outro dia postarei fotos da minha JKI e seus acessórios.
Pra variar, eu a customisei e acrescentei alguns itens que acredito ser de alto valor.