Recurvo e composto de target. Um pouco de estatística.

Depois de um domingo que eu gostaria de esquecer (viajei 120 km para um torneio de tiro com arco e faltando 5 km para chegar, rodei o carro e tive que voltar para casa de guincho ), uma discussão motivada pelo artigo do NuSensei.



Este post NÃO irá comparar o recurvo e composto uma vez que, para ter os mesmos critérios, seria necessário utilizar dados de 50 m no alvo de 80 cm de diâmetro atirado das mesmas condições em relação ao local. E eu não disponho desses dados.

O assunto em questão é a dificuldade de se classificar entre os melhores no ranking de target de composto e recurvo.
Os dados que o vídeo acima apresenta foram obtidos do regional australiano.
Eu utilizei os dados da FFTA Federação Francesa (mais de 70.000 filiados o que dá uma boa massa de dados) cujos números referem-se aos 3 melhores resultados conseguidos pelos arqueiros na categoria adulto no ano de 2014 e a correspondente média. A opção pela França deve-se em função da facilidade de conseguir obter os dados e o fato do tiro com arco ser um esporte consolidado.  

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Analisando as informações dos primeiros 50 colocados no ranking da FFTA de 2014 (os dados de 2015 são parciais), existem algumas suposições interessantes.

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Comento amanhã...

Arco composto outdoor 50 m sobre um alvo de 80 cm reduzido
A diferença entre o primeiro e o 10º do ranking é de meros 16 pontos (que em relação aos 720 possíveis representa 2,2%)  e entre o primeiro e o 50º do ranking nacional é de apenas 27 pontos (3,75%).
Houve 31 empates em pontos no ranking que foram desempatados pela quantidade de 10 e "X", 11 rankings com diferença de apenas 1 ponto entre eles, 5 rankings com diferença de 2 pontos e apenas 2 rankings com diferença de mais de 2 pontos.
Na classificação, a maioria da categoria adulto, existem 2 da categoria veteranos (acima de 50 anos), 1 da categoria super veterano (acima de 60 anos) e 1 juvenil (18 a 20 anos).

Arco recurvo outdoor 70 m sobre um alvo de 122 cm
A diferença entre o primeiro e o 10º do ranking é de meros 18 pontos (que em relação aos 720 possíveis representa 2,5%)  e entre o primeiro e o 50º do ranking nacional é de apenas 45 pontos (6,25%).
Houve 23 empates em pontos no ranking que foram desempatados pela quantidade de 10 e "X", 19 rankings com diferença de apenas 1 ponto entre eles, 2 rankings com diferença de 2 pontos e apenas 5 rankings com diferença de mais de 2 pontos.
Na classificação existem 1 veterano, 11 juvenis e 4 cadetes (15 a 17 anos).

Em relação às duas disciplinas, no target composto, as diferenças de classificação são mínimas e uma grande parte é decidida nos "X" indicando que qualquer detalhe pode fazer um arqueiro passar do primeiro para o último. Por outro lado, existe uma longevidade maior no composto que, com a vantagem do letoff, exige menos fisicamente. A ausência de juvenis e cadetes no ranking pode supor duas hipóteses. A primeira é que existe uma vantagem etária e a segunda, a mais plausível, é que os arqueiros passam da disciplina recurvo para composto mais tardiamente.
Comparando os gráficos, nota-se que existe uma minoria que são os pontos fora da curva. E essa minoria mantém a diferença de pontos, em relação ao líder, de cerca de 12 pontos no composto e 15 pontos no recurvo. Já a maioria segue a tendência.

E haveria uma diferença em relação à outdoor e indoor?
No outdoor, sabidamente, existe uma dificuldade maior que o indoor por causa dos fatores ambientais como vento, chuva e, obviamente, a distância.

Arco composto indoor 18 m sobre um alvo de 40 cm reduzido, trispot com o 10 também reduzido
A diferença entre o primeiro e o décimo do ranking é de apenas 8 pontos (1,3%) e entre o primeiro e o 50º, 16 pontos (2,7%). O critério do desempate pelo número de 10 foi utilizado 34 vezes. A diferença de uma posição do ranking para o outro nunca supera mais de 2 pontos que, aliás, ocorreu apenas uma única vez.
A faixa etária considerada foi a categoria adulto uma vez que veteranos, super veteranos e jovens tem uma classificação própria.Numa outra oportunidade, lanço um comparativo entre eles.

Arco recurvo indoor 18 m sobre um alvo de 40 cm reduzido, trispot
A diferença entre o primeiro e o 10º do ranking é de meros 15 pontos (que em relação aos 600 possíveis representa 2,5%)  e entre o primeiro e o 50º do ranking nacional é de apenas 26 pontos (4,3%).
Houve 29 empates em pontos no ranking que foram desempatados pela quantidade de 10 e "X", 17 rankings com diferença de apenas 1 ponto entre eles, 1 ranking com diferença de 2 pontos e apenas 2 rankings com diferença de mais de 2 pontos.
A faixa etária considerada foi a categoria adulto uma vez que veteranos, super veteranos e jovens tem uma classificação própria.

Tanto no recurvo quanto no composto indoor, a exigência é mais cruel, um gap que separa um ranking do outro é no detalhe, um único tiro fora do dez ou até mesmo do "X" pode ser catastrófico para quem busca uma boa classificação.
Analisando as curvas do recurvo indoor x recurvo outdoor e respectivamente do composto, os chamados pontos fora da curva são menores em quantidade no indoor que no outdoor. Isso significa que, apesar de teoricamente ser mais fácil atirar indoor, para ser considerado um atirador excepcional a exigência também é muito maior em relação ao outdoor.

Dada a importância do detalhe para galgar inúmeras posições no ranking dentro de um ambiente extremamente competitivo, o fator psicológico tem um peso considerável no preparo do atleta. Além de ser forte fisica e tecnicamente, treinar sob condições adversas e participar de torneios e campeonatos merece uma atenção especial.

Eu recebi vários materiais sobre o preparo psicológico, estou dando uma lida e futuramente poderemos começar a discutir e então ter vários assuntos sobre esse ponto. Devagar a gente chega...  

Sds.

Legal as estatísticas, parabéns pelo trabalho.

Realmente um ponto para o Composto é ter uma longevidade maior. Principalmente quem começa tarde, como eu que comecei com quase 40 anos, eu nunca iria me aventurar no recurvo, pelo menos não com o objetivo de uma boa classificação.

Caro Ruy,

Ótima postagem. E bem interessante esta abordagem sobre a análise do ranking. Estes primeiros arqueiros do Ranking, sem exceção:
- Tem uma boa técnica de tiro;
- Tem um bom equipamento;
- Conhecem bem o seu equipamento;
- e treinam muito.

O que diferencia as primeiras colocações é a preparação mental, tanto nos treinos quanto nas competições.

Alguns livros sobre treinamento mental para o esporte, geralmente atribuem que 90% do sucesso, em esportes de alta concentração e foco se devem ao preparo mental. Tiro esportivo, golf e tênis.

No Tiro com Arco esta proporção é um pouco diferente, visto que é um esporte com mais variáveis envolvidas na sua execução, que por exemplo, o tiro esportivo. Exigindo uma quantidade maior de técnica e preparação.

Segue abaixo uma imagem que ilustra esta constatação, retirada de um livro sobre tiro com arco.

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Este tema de treinamento mental é fantástico. Mas cabe algumas observações para quem esta começando.  Apesar do fato da parte mental no esporte, ser bem maior que as outras, não quer dizer que você deve deixar as outras de lado. Pelo contrário. Você deve treinar muito, ter um bom equipamento, conhecê-lo, fazer uma pontuação razoável e depois se dedicar a esta outra etapa do treinamento. Visto que quando você se dedica as outras partes, técnica, física, conhecimento do seu equipamento, você naturalmente já está adquirindo habilidades mentais que melhoram seu tiro.

Um Abraço,

Rodrigo

Ruy escreveu:

Depois de um domingo que eu gostaria de esquecer (viajei 120 km para um torneio de tiro com arco e faltando 5 km para chegar, rodei o carro e tive que voltar para casa de guincho ), uma discussão motivada pelo artigo do NuSensei.

...

Achei que finalmente fosse te conhecer .... vc pro MICA la no Butanta??

Esta tudo bem com voce e o carro?
A chuva tava sinistra....

rubensrw escreveu:

Achei que finalmente fosse te conhecer .... vc pro MICA la no Butanta??

Esta tudo bem com voce e o carro?
A chuva tava sinistra....

Infelizmente eu também não conheço pessoalmente ninguém do fórum. Só virtuais.

Na verdade eu estava indo para o torneio outdoor em Londrina (50 e 70 metros, recurvo) promovido pela ALTA.
Fiz a inscrição antecipada, troquei todas as vanes por spinwings novas, um dia para regular o arco e a mira etc. e, no domingo, quando estava quase chegando, rodei num trevo. Felizmente nada de grave com o condutor mas o carro, segundo o perito do seguro que estava hoje na oficina, deu PT.
O que eu fiquei mais puto mesmo foi ter perdido o torneio, ter acordado cedo e ficar metade do domingo na beira da rodovia. Se tivesse como voltar para casa naquele dia ia pedir para o guincheiro levar o carro e eu ficaria para o torneio.
Mas na próxima eu vou.

Rodrigo, material excelente, dei uma olhada por cima. Vou começar a estudar mais a fundo o preparo mental para os torneios. Preciso me preparar mentalmente antes também para não ser tão distraído na estrada.

Sds.

Pelas postagens no Facebook, o Ruy perdeu um grande evento em Alta Londrina.
Ainda bem que não se machucou.
Parabéns pelo tópico!